03 Mai 2012
"Pedimos perdão se causamos dano à memória do Pe. Giussani com a nossa superficialidade e falta de seguimento". Quem escreve é o padre Julian Carrón, presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, em uma carta ao diretor Ezio Mauro, publicada no dia 1º de maio na primeira página do jornal La Repubblica.
A nota é de Andrea Tornielli, publicada no blog Sacri Palazzi, 01-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Carrón se pronunciou devido aos conhecidos acontecimentos envolvendo o presidente da Região da Lombardia, na Itália, Roberto Formigoni, membro do Memores Domini, ramo de leigos consagrados do movimento Comunhão e Libertação, envolvido em um escândalo de corrupção e suborno em contratos públicos de saúde.
Eis a carta.
Caro Diretor, lendo os jornais nestes dias, fui invadido por uma dor indizível ao ver o que fizemos com a graça que recebemos. Se o movimento de Comunhão e Libertação é continuamente identificado com a atração pelo poder, pelo dinheiro, por estilos de vida que nada têm a ver com o que encontramos, algum pretexto devemos ter dado. E isso apesar de o Comunhão e Libertação ser alheio a qualquer malversação e jamais ter dado origem a um "sistema" de poder. Também não valem as considerações, embora legítimas, sobre as modalidades desconcertantes com que essas notícias são difundidas, através de uma violação, já aceita por todos, dos procedimentos e das garantias previstas, contudo, pela Constituição.
O encontro com o Pe. Giussani significou para nós a possibilidade de descobrir o cristianismo como uma realidade tão atraente quanto desejável. Por isso, é uma grande humilhação constatar que, às vezes, para nós, não bastou o fascínio do início para nos tornar livres da tentação de um êxito puramente humana. A nossa presunção de pensar que esse fascínio inicial bastava por si só, sem ter que se comprometer em um verdadeiro seguimento dele, levou a consequências que nos enchem de consternação. (...)
Pedimos perdão se causamos dano à memória do Pe. Giussani com a nossa superficialidade e falta de seguimento. Caberá aos juízes determinar se alguns erros cometidos por alguns também constituem crimes. Por outro lado, cada um poderá julgar se, entre tantos equívocos, conseguimos dar alguma contribuição ao bem comum.
Quando um membro sofre, todo o corpo sofre com ele, nos ensinou São Paulo. Nós, os membros desse corpo que é o Comunhão e Libertação, sofremos com aqueles que estão no centro das atenções da mídia, reconhecendo a nossa fraqueza por não termos sido testemunhas suficientes com relação a eles; e isso nos torna mais conscientes da necessidade que nós também temos da misericórdia de Cristo.
No entanto, com a mesma lealdade com que reconhecemos os nossos equívocos, devemos também admitir que não podemos arrancar das fibras do nosso ser o encontro que tivemos e que nos moldou para sempre.
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''Pedimos perdão...'': o mea culpa do Comunhão e Libertação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU