22 Dezembro 2011
Christopher Hill, o embaixador que o presidente Bush enviou secretamente para Pyongyang para sondar as possibilidades de um diálogo com a última e impenetrável ditadura comunista do Oriente, hoje pede prudência. "Nestas horas, é preciso esperar os desdobramentos mais imprevisíveis. O contingente armado norte-americano está em um estado de alerta máximo, e essa é uma medida sábia. Devemos nos preparar para toda eventualidade".
A reportagem é de Alix Van Buren, publicada no jornal La Repubblica, 21-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hill observa a sucessão dinástica na cúpula do reino eremita – como é conhecida a Coreia do Norte – a partir do seu assento como reitor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade de Denver. Vice-secretário de Estado em 2005, ele liderou as negociações a seis para desarmar a crise nuclear norte-coreana.
Eis a entrevista.
O herdeiro designado Kim Jong-un é uma incógnita?
Do "Grande Sucessor", sabemos pouco ou nada. A sua figura não é conhecida nem para os norte-coreanos: o pai o apresentou há pouco mais de um ano. Para ele, inicia-se uma fase muito difícil, um período de aprendizagem: a sua liderança jamais foi posta à prova, não se sabe nem se ele foi à escola.
O senhor quer dizer que o "grande líder" Kim Jong-il não preparou seu filho para a sucessão?
Eu digo que o jovem Kim não foi suficientemente treinado para esse cargo. No entanto, parte da herança deixada pelo pai é o interesse pela continuidade da dinastia: toda uma casta de funcionários e burocratas se beneficia disso, por isso vão trabalhar para o sucesso do filho. E, além disso, por trás do herdeiro está o tio, Chang Sung-taek, vice-presidente da Defesa, segundo apenas depois do líder supremo em termos de peso político.
Será ele o regente?
É provável que caiba a ele a tarefa de moldar Kim Jong-un em vista da liderança. O Exército terá um papel importante, dado o peso assumido nos últimos anos. A verdade, porém, é que se sabe pouco ou nada da Coreia do Norte, e muito menos do processo de decisão.
E por isso o senhor prevê uma reação violenta? Uma provocação militar?
Eu não sei se Pyongyang chegará a isso. Certamente, o novo líder terá que dar um sinal importante do seu próprio poder, e, de fato, é preciso esperar o imprevisível. No entanto, acredito que a Coreia do Norte, no futuro próximo, estará empenhada com os seus assuntos internos. É muito cedo para entender se, pelo contrário, os eventos destes dias levarão o país a se abrir para o exterior. Neste momento tudo é possível. Por tudo isso, é melhor exercitar a máxima prudência.
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''O sucessor norte-coreano é jovem, e pode acontecer de tudo'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU