10 Dezembro 2011
Durante duas semanas, jovens cristãos de 20 países participam de treinamento sobre Eco-Justiça, em Durban, África do Sul, durante a 17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro Nações Unidas para a Mudança do Clima (CQNUMC). O programa é coordenado pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em conjunto com a Federação Luterana Mundial (FLM).
A reportagem é de Raquel Kleber e publicada pela Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 09-12-2011.
Como integrante desse grupo, sinto-me privilegiada por poder vivenciar a troca de experiências com jovens de diversas realidades, através da discussão de questões socioambientais. Além de treinamentos e palestras sobre Economia, Teologia e o conceito e aplicabilidade de Justiça, estamos desenvolvendo projetos que serão posteriormente implementados nos nossos países, conectando, desta forma, as esferas internacional, nacional e local.
O projeto que pretendo desenvolver visa conectar as discussões levantadas nesse treinamento sobre Eco-Justiça, e aplicá-las no contexto brasileiro, através da capacitação de jovens luteranos, para que atuem como lideres em suas comunidades na promoção de justiça sócio ambiental.
O projeto estará relacionado com o já existente programa Criatitude, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Juventude Evangélica, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), em parceria com a Fundação Luterana de Diaconia (FLD), contando com a participação dos jovens nas atividades ecumênicas da Conferência dos Povos na Convenção das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável - Rio +20, que será realizada no Rio de Janeiro, em 2012.
Os 28 jovens estão tendo também a oportunidade de participar das atividades da COP17, que, devido às expectativas negativas para o comprometimento dos países para um novo compromisso de redução das emissões de gases de efeito estufa, principais causadores das mudança do clima, tem mobilizado a sociedade civil que, por sua vez, demanda uma ação rápida e efetiva por parte dos governos.
Uma dessas ações foi o chamado Global Day of Action, uma marcha que se tornou tradição nas Conferências das Partes da CQNUMC. Mobilizando cerca de 20 mil pessoas, a demonstração teve o objetivo de chamar a atenção dos governos para a urgência de se tomar uma atitude com relação à mudança do clima, exigindo que eles alcancem um acordo.
O grupo Youth for Eco-Justice teve participação ativa na demonstração, levando um banner dizendo "Polluters Pay" (poluidores pagam), exigindo que os países que mais emitem gases de efeito estufa assumam a responsabilidade e o débito ambiental pela emissão que expelem na atmosfera.
Além disso, os jovens estiveram envolvidos em diversas atividades ecumênicas, como o Rally, encontro ecumênico prévio à COP17. Esse encontro contou com a participação da Secretaria Geral da UNFCC, Cristina Figueres, e com Desmond Tutu, ativista e bispo sul-africano.
Os jovens visitaram também uma comunidade local de Durban, chamada Clermont. Lá conhecemos a Associação Jovem, que tem como foco a busca por soluções para o problema do lixo na sua província.
Jovens foram treinados para trabalhar com o meio ambiente através do Conselho de Diaconia de Durban, o que os habilitou para implementar melhorias ambientais no local. O projeto tem uma forte ligação com a prefeitura, que remunera esses jovens para que realizem o trabalho de limpeza e de manutenção.
O projeto é uma forma de desenvolvimento sustentável, pois engaja jovens da região para cuidarem do ambiente onde vivem, de forma remunerada, e ainda com fundos adicionais através da reciclagem de materiais. O Conselho de Diaconia de Durban tem um papel crucial, ao educar e capacitar tais jovens para atuarem de modo condizente aos desafios locais.
A mudança climática, que vem sofrendo os impactos das ações insustentáveis da humanidade, é também um sinal de injustiça, pois são os setores menos favorecidos que enfrentam as maiores conseqüências. A fim de resolver esse problema, uma mudança no sistema econômico é essencial, mas também uma mudança nas ações humanas a partir da posição de dominadores para mordomos da criação de Deus.
No processo de criação de um mundo ecologicamente mais justo, a juventude tem um papel significativo a desempenhar, pois são os que têm esperança e energia para alterar essas situações, somadas à capacidade de netoworking e habilidade em tecnologia. Nós somos aqueles que serão afetados pela decisão de hoje com a oportunidade única em mãos de apresentar soluções para esse mundo e aplica-las.
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Ecojustiça mobiliza jovens no enfrentamento das mudanças clímáticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU