22 Novembro 2011
A primeira reunião – realizada em Roma em novembro de 2008 – foi um acontecimento amplamente anunciado e acompanhado com grande atenção pelos meios de comunicação. Agora, ao contrário, o único indício público são três sucintas linhas sobre a data e o local do encontro, que apareceu há poucos dias na home page A Common Word, a carta aberta redigida no outono de 2007 por 138 representantes muçulmanos sobre o tema do diálogo com o mundo cristão. Cúmplices talvez também as agitações da segunda primavera árabe, o clima no qual se desenvolverá a segunda sessão de trabalho do Fórum Católico-Islâmico, de 21 a 23 de novembro, na Jordânia, será um pouco diferente daquele de três anos atrás. O Fórum Católico Islâmico é um organismo constituído em 2008 pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e pela entidade jordaniana Royal al Al-Bayt Institute for Islamic Thought, para dar continuidade a essa iniciativa.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e está publicada no sítio Vatican Insider, 20-11-2011. A tradução é do Cepat.
O Fórum é um grupo misto, composto em igualdade numérica por "sábios" designados por ambas as partes para discutir sobre os pontos comuns que tornam possível o diálogo entre cristãos e muçulmanos. Não é a única das iniciativas de que o dicastério do Vaticano participa junto com o mundo islâmico, mas seguramente é a aquela que nos últimos anos mais deu a falar. Porque a iniciativa dos 138 representantes muçulmanos – promovida pelo príncipe jordaniano Ghazi Mahammad Bin Talal e estendida a personalidades muçulmanas de outros países do mundo – parecia ser a mais promissora, já que colocava sua atenção nos fundamentos das duas religiões mais que nas possíveis alianças políticas. Não foi por acaso que em novembro de 2008, durante o primeiro encontro do Fórum o tema discutido pelos 24 participantes fosse "Amor de Deus, amor ao próximo", que era, além disso, o binômio central da carta dos 138. Tudo desembocou em um documento conjunto de árduo conteúdo: "O amor autêntico pelo próximo – pode-se ler, por exemplo – implica o respeito da pessoa e de suas decisões em questões de consciência e religião. Inclui o direito dos indivíduos e das comunidades a praticar sua religião em privado e em público".
O documento de novembro de 2008 concluía com o compromisso de realizar "um segundo seminário dentro de dois anos em um país de maioria muçulmana ainda por definir". Na realidade, foram necessários três anos para se chegar a esta reunião. Enquanto isso, houve outro acontecimento importante: a visita de Bento XVI em 2009 exatamente a Amã, à mesquita al-Hussein Bin-Talal, onde encontrou o príncipe Ghazi e louvou as iniciativas promovidas por ele a favor do diálogo inter-religioso. Mas também houve novas violências contra cristãos em outros países do Oriente Médio. Inclusive as tensões com a Universidade de al Azhar, no Cairo – o histórico sócio islâmico do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso – que culminaram este ano com a decisão da instituição muçulmana egípcia de congelar as iniciativas comuns com o Vaticano.
Este é o marco no qual a realização do encontro jordaniano assume um significado particular. Ao lado do tema escolhido: "Razão, fé e humanidade". Um tema absolutamente alheio à política e que denota claramente o caminho de Ratzinger. Precisamente, a questão da relação entre razão e fé foi o núcleo central do discurso de Regensburg que, em 2006, colocou Bento XVI no alvo de muitos muçulmanos. Discurso ao qual precisamente Ghazi Muhammad Bin Talal respondeu com uma carta na qual defendia que não era absolutamente certo que o Islã teria expulso a razão do âmbito da fé. No discurso realizado na mesquita de Amã em 2009, o Papa retomou o tema: "Desejo fazer menção – disse – a um dever que indiquei em diversas ocasiões e que creio firmemente que tanto os cristãos como os muçulmanos possam assumir: o desafio de cultivar o bem comum, no contexto da fé e da verdade, do vasto potencial da razão humana". Acrescentando que "como crentes do único Deus, sabemos que a razão humana é em si mesma dom de Deus, e se eleva a um plano mais alto quando é iluminada pela luz da verdade de Deus".
Não é por acaso, então, que o Fórum Católico Islâmico reinicie precisamente retomando este tema. Reunindo-se – deve se acrescentar – em um lugar particularmente significativo: as sessões de trabalho acontecerão no novo centro de congressos do al Maghtas, onde Jesus foi batizado, um lugar chave da relação com o mundo cristão para a família real jordaniana (e turístico-econômico). Em torno dos restos de uma antiga igreja bizantina no rio Jordão – no lugar identifica por uma muito antiga tradição com a "Betânia do outro lado do Jordão" dos Evangelhos – nos últimos anos surgiu um grande parque arqueológico, dentro do qual foi posto à disposição de cada uma das confissões cristãs (católicos, armênios, ortodoxos russos, anglicanos) um terreno. O terreno católico é de 30.000 metros quadrados e está destinado a um grande complexo: a primeira pedra da igreja foi assentada pelo próprio Papa na etapa que realizou em 2009. Sua construção encontra-se em uma fase avançada e segundo o projeto do Patriarcado de Jerusalém, será acompanhada por uma casa de acolhida para peregrinos e por um convento que acolherá uma comunidade religiosa contemplativa.
Diálogo filosófico e sinais visíveis de abertura: é o caminho jordaniano para o diálogo que durante três dias cristãos e muçulmanos tratarão de explorar juntos. Em comunicado que se fará público depois do término dos trabalhos, se verá se as esperanças em relação ao futuro são as mesmas que aquelas suscitadas pelo primeiro encontro de 2008.
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Na Jordânia, representantes muçulmanos e católicos voltam a dialogar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU