04 Novembro 2015
E Jesus continuava ensinando: «Tenham cuidado com os doutores da Lei. Eles gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam dos primeiros lugares nas sinagogas e dos lugares de honra nos banquetes. No entanto, exploram as viúvas e roubam suas casas, e para disfarçar fazem longas orações. Por isso eles vão receber uma condenação mais severa.»Jesus estava sentado diante do Tesouro do Templo e olhava a multidão que depositava moedas no Tesouro. Muitos ricos depositavam muito dinheiro.
Então, chegou uma viúva pobre, e depositou duas pequenas moedas, que valiam uns poucos centavos.
Então Jesus chamou os discípulos, e disse: «Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos os outros que depositaram moedas no Tesouro. Porque todos depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva na sua pobreza depositou tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
(Correspondente ao 32º Domingo Comum, do ciclo B do Ano Litúrgico).
Neste domingo o evangelho apresenta-nos Jesus sentado diante do Tesouro do Templo olhando a multidão que deposita moedas no Tesouro.
E o texto continua com o comentário sobre os diferentes tipos de depósitos. Há muitos ricos que depositam muito dinheiro, e num momento determinado chega uma viúva pobre que deposita somente duas pequenas moedas.
Esta realidade impressiona Jesus, que chama seus discípulos para dizer-lhes o “valor” do depósito da viúva, porque era tudo o que ela tinha.
Acompanhamos esta narrativa com nossa imaginação. Jesus sentado e junto com Ele olhamos o grupo de pessoas que passam e fazem sua oferta.
Possivelmente o rosto daqueles que depositavam muito resplandecia porque achavam-se importantes, realizando uma grande dádiva.
Outro esforça-se para que sua “grande oferta” seja patente porque acredita que cumpria a Lei de Deus mais do que outros... ou para que fique evidente que “era mais generoso para com Deus”.
Talvez no interior de Jesus ecoem vários textos vividos e ouvidos, como por exemplo o profeta Oseias: “quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus mais do que holocaustos” (Os 6,6).
Gravado de Gustave Doré (1865)
No meio das pessoas aproxima-se timidamente uma mulher que com inibição põe duas pequenas moedas. Ela está sozinha, mal vestida. É duplamente marginalizada pela sociedade da época porque é viúva e pobre.
Qual é seu nome? Não sabemos; não interessa a ninguém, mas ela não passa despercebida para Jesus, a ponto de fazê-la de exemplo para seus discípulos/as.
O que tanto lhe chama a atenção? Com certeza não é a quantia da oferta: "duas pequenas moedas, que valiam uns poucos centavos".
É que Jesus tem outra lógica para olhar os acontecimentos, não tem uma visão gananciosa, nem mercantilista. Ele vê além das aparências e descobre a generosidade e o desprendimento dessa pobre mulher que entrega tudo o que tinha.
O evangelho a apresenta como exemplo, com uma importante similitude com o texto da viúva de Sarepta que foi lido na primeira leitura. Ali há uma viúva e um filho que não têm nada para comer, somente um pouco de farina e de óleo.
Mas esta mulher viúva responde ao pedido do profeta Elias e cozinha-lhe o que ele pede: um pão, que era sua única e última comida!
Nessa época havia uma grande seca e a morte dizimava os lares, e logo chegaria até ela e seu filho. No entanto confia nas palavras do profeta.
São duas mulheres que deram tudo o que elas e outros precisavam para ajudar aos que mais necessitam porque confiam em Deus!
Há pessoas que dão o que lhes sobra, outras dão para aliviar suas consciências, outras porque dessa maneira são reconhecidas pela sociedade.
Quem são hoje esses órfãos e pobres que dão tudo o que têm para que as pessoas que estão ao seu redor não sofram mais, não passem mais fome?
Pessoas que têm sua riqueza e segurança em Deus! Mulheres livres, generosas, que vivem o espírito de pobreza do Reino. Aqueles que se deixam conduzir pelo amor, pela sensibilidade dos que padecem ao seu redor.
"Bem-aventurados os pobres porque deles é o reino dos céus" (Mt 5,3).
Uma das discípulas de Jesus do século XX dizia: "O amor, para ser verdadeiro, tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos machuque".
Isso deve ao menos nos questionar: estamos colocando o que somos e temos a serviço do Senhor, de seu reino?
Dar-me sem contar,
sem dar um jeitinho
em plenitude,
a Deus, e a meus irmãos,
e Deus me tomará
sob sua proteção.
Ele me tomará
e passarei ileso
no meio das dificuldades.
Pe. Alberto Hurtado SJ
BARBAGLIO, Giuseppe, FABRIS, Rinaldo; MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos (I). São Paulo: Loyola, 1990.
HURTADO, Alberto. Un fuego que enciende otros fuegos. Santiago: Centro de Estúdios y Documentación del Padre Hurtado, 2004.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.
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Evangelho de Marcos 12, 38-44 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU