A ofensiva da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vai continuar "pelo tempo que for necessário" com o objetivo de "garantir a proteção de civis" no território líbio, decidiu ontem, em Paris, o chamado "grupo de países amigos da Líbia". Na cúpula - organizada por potências ocidentais, mas com participação de 60 países -, foi anunciada ainda a liberação de US$ 15 bilhões aos rebeldes já nos próximos dias.
A reportagem é de
Lúcia Müzell e publicada pelo jornal
O Estado de S.Paulo, 02-09-2011.
Formalmente convocada pelo presidente francês,
Nicolas Sarkozy, e pelo primeiro-ministro britânico,
David Cameron, a reunião contou com a presença dos dois principais líderes da oposição líbia,
Mustafa Abdel Jalil e
Mahmoud Jibril, e do secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon.
Cameron defendeu a continuidade dos bombardeios. "Que fique claro: foi o povo líbio que liberou seu país. Mas o combate ainda não acabou. A
Otan continuará as operações enquanto for necessário, para proteger a vida dos cidadãos líbios", disse.
Os US$ 15 bilhões liberados ontem são parte dos cerca de US$ 50 bilhões da fortuna do ditador Muamar Kadafi congelados no exterior. O dinheiro está congelado desde fevereiro, por ordem do Conselho de Segurança da ONU.
"O dinheiro desviado por
Kadafi e sua família deve voltar aos líbios. Nós buscamos desbloquear o dinheiro de ontem da Líbia para financiar o desenvolvimento da Líbia de hoje", afirmou
Sarkozy.
A ONU discute o envio de uma missão humanitária "o mais breve possível" para auxiliar no restabelecimento dos serviços e do fornecimento de bens de primeira necessidade, como água.
Emergentes
Em meio à reunião, o governo russo anunciou que passava a reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT) como legítimo representante do povo líbio. A atitude ainda não foi tomada pelos demais Brics, China, Índia e Brasil.
Enquanto a imensa maioria dos países enviou chefes de Estado e de governo ou ministros, o governo brasileiro foi representado na cúpula por seu embaixador no Egito,
Cesário Melantônio Neto.
Sarkozy saudou "a presença de russos, chineses, indianos e brasileiros" na reunião e disse que convenceria o presidente sul-africano,
Jacob Zuma - que boicotou o encontro -, a comparecer às próximas discussões. O líder francês, porém, reconheceu que há divergências sobre o status do
Conselho Nacional de Transição e a ofensiva da
Otan.
Ontem, a conferência internacional foi precedida por um encontro privado entre
Sarkozy,
Cameron, a secretária de Estado dos EUA,
Hilary Clinton, e os dois líderes rebeldes.
Hillary exortou os insurgentes a combater o extremismo islâmico na Líbia e a proteger os depósitos de armas, para que não parem nas mãos de grupos radicais.
DECISÕES
Ofensiva da Otan
Ataque das forças ocidentais continuará, com o objetivo de "proteger civis", garantiu o primeiro-ministro da Grã-Bretanha
US$ 15 bi descongelados
Dinheiro, que representa uma parte dos US$ 50 bilhões de Kadafi congelados em bancos fora da Líbia, será entregue aos rebeldes nos próximos dias
Rússia reconhece CNT
Uma das vozes mais críticas à ofensiva da Otan, o representante russo na cúpula de Paris anunciou ontem que passava a considerar o conselho rebelde como legítimo representante da Líbia
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Otan promete manter ataques à Líbia e cúpula libera US$ 15 bi a rebeldes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU