Pobreza, miséria e drogas, em primeiro lugar, e falta de estrutura familiar, logo a seguir, são as principais causas da prostituição infantil, apontadas por caminhoneiros do Brasil em pesquisa encomendada pela
Confederação Nacional de Transportes (CNT), agora lançada em livro.
A informação é da
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 25-07-2011.
A pesquisa realizada pela empresa de análise e opinião de mercado
Foco, de Florianópolis, ouviu 261 caminhoneiros, de 26 a 55 anos de idade, com 17,3 anos de trabalho, em média, um quarto deles com o Ensino Fundamental completo, e 86,5% país de família. Dos entrevistados, 90% ficam de 11 a 30 dias nas estradas. A média de ausência de casa é de 21,3 dias.
Do universo pesquisado, 38,5% apontaram pobreza, miséria e drogas como fatores que levam à prostituição infantil, informa o repórter
Márcio de Morais, que apresentou resumo da pesquisa para o portal Congresso em Foco.
Mas 35% dos caminhoneiros ouvidos pela Foco assinalaram que, no caso da prostituição infantil, que o grupo familiar está desestruturado, deixando filhos sem orientação, limites e educação. Alguns pais obrigam e oferecem filhos à prostituição e dão péssimos exemplos em casa, disseram.
A
Foco constatou que em mais da metade dos pontos de prostituição ao longo da malha rodoviária federal brasileira de 72 mil quilômetros há a presença de crianças e adolescentes oferecendo o seu corpo – 53% são meninas e 27% meninos. Na região Norte, a presença de crianças nos locais de prostituição chega a 70%.
“Além de serem novas e bonitas, oferecem-se à prostituição, insinuam-se aos caminhoneiros e esses não resistem”, assinala o relatório. Os longos períodos longe de casa e o uso de drogas empurram ainda mais o caminhoneiro à prática sexual com crianças, afirmaram os entrevistados em algumas respostas.
Mas 97,3% dos caminhoneiros ouvidos na pesquisa indicaram que a prática sexual com crianças é crime. No entanto, apenas 14,9% deles disseram que delatariam um colega de profissão que admitisse ter feito sexo com criança, e 84% assinalaram que preferem uma posição de não-envolvimento.
Sexo com adolescentes, no entanto, tem a anuência da maioria dos entrevistados. Quanto mais a garota apresentar maturidade física – “ter corpo de mulher” – maior a tolerância.
Eles definiram o deslize sexual como “um momento de fraqueza” diante de uma garota nova e bonita, oferecendo-se por qualquer preço. Setenta por cento dos caminhoneiros indicaram que adolescentes entram para a prostituição sem serem obrigadas. Essa avaliação é mais rigorosa com o sexo masculino: 97% consideraram que os garotos não são obrigados a se prostituir.
Também observaram que crianças e adolescentes que usam drogas encontram na prostituição uma fonte de renda alternativa e instantânea para sustentar o vício.
Estima-se que trafegam pelas estradas brasileiras mais de 2 milhões de caminhoneiros, 59,7% desse total são autônomos. O Brasil tem cerca de 62 milhões de pessoas com menos de 18 anos de idade. O
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que dos 73 milhões de brasileiros pobres, a metade – 37 milhões – sejam crianças e adolescentes.
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Caminhoneiros apontam pontos de prostituição infantil nas estradas brasileiras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU