25 Junho 2011
Mais uma liderança da Amazônia está marcada para morrer. Desta vez, o alvo é o índio Almir Suruí, de Rondônia. Almir é coordenador do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e uma das lideranças indígenas mais atuantes da região, tendo inclusive seu trabalho reconhecido internacionalmente.
A reportagem é da Agência Amazônia, 25-06-2011.
"Eu e meu povo estamos jurados de morte", contou Almir Suruí em recente reunião com o diretor da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Fernando Matos, e a assessoria do Ministério do Meio Ambiente, Paula Vanucci, aos quais pediu proteção de vida. Participaram ainda do encontro dirigentes da ONG Equipe Conservação da Amazônia (ACT Brasil), da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e o presidente do GTA, Rubens Gomes. O governo prometeu averiguar a denúncia e adotar todas as medidas necessárias para proteger a vida dos índios.
Segundo Almir Suruí, as ameaças não são recentes, mas se intensificaram nos últimos dias. Há dois anos, Suruí se reuniu com dirigentes de vários órgãos governamentais para alertar que seu trabalho em defesa dos indígenas de Rondônia estava despertando a ira dos latifundiários, fazendeiros e madeireiros daquele Estado. Na época, Suruí pediu medidas de segurança para garantir sua vida e a de seu pouco. "Até agora, infelizmente, pouca coisa de concreto foi feita, e eu e meus irmãos estão jurados de morte", conta o líder.
Suruí afirmou que o clima atual é de maior violência e complexidade, principalmente após a morte de outros líderes no Acre, Amazonas e Rondônia. Disse que as recentes mortes de castanheiros, trabalhadores rurais e lavradores da Amazônia contribuem para aumentar a sensação de impunidade e a lista dos marcados para morrer só tem crescido. Para Suruí, as ameaças decorrem do fato de a maioria das lideranças lutarem pela aprovação do Código Florestal na Câmara dos Deputados.
"Sempre lidei com as ameaças de grupos que querem utilizar a floresta de maneira errada na nossa região, mas agora estou ainda mais preocupado, pois nas últimas semanas líderes do povo Paiter Suruí também foram ameaçados", conta. Almir Suruí afirma que alguns índios de sua comunidade foram aliciados por madeireiros e estão também ameaçando o líder Suruí de morte.
Almir disse que procurou as autoridades para evitar novas mortes, como a de Obede Loyla Souza, 31, pai de três filhos, assassinado dia 9 de junho. Outros cinco líderes assassinados nas últimas semanas. "É o cúmulo sabermos que ainda existe um Brasil cego, surdo e que resolve as coisas de forma tão sanguinária e cruel", protesta o líder indígena.
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Líder indígena Suruí está marcado para morrer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU