22 Junho 2011
O ex-presidente Manuel Zelaya liderou uma marcha em Tegucigalpa na qual afirmou que a prisão de Enrique Flores Lanza é uma violação ao acordo que permitiu o seu retorno a Honduras. "Se chama Acordo de Reconciliação, mas como pode haver reconciliação se se está perseguindo a oposição, se uma parte que assinou o acordo está sendo perseguida e a outra (aqueles que derrubaram o seu governo dois anos atrás) está protegida", disse Zelaya a jornalistas.
A reportagem é do Página/12, 21-06-2011. A tradução é do Cepat.
A origem da afirmação do ex-presidente está relacionada ao processo judicial que foi instaurado contra Flores Lanza, um de seus ministros, antes de ser derrubado. "Me parece que está sendo violado o espírito desse Acordo (de Cartagena)", disse Zelaya no final do protesto convocado pelo Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) em solidariedade ao ex-ministro processado.
Da mobilização, que aconteceu sem incidentes, participaram cerca de 300 militantes da FNRP coordenada pelo ex-presidente. A manifestação tendo o sorridente Zelaya à frente chegou até a sede do tribunal onde Flores Lanza é julgado. O ex-ministro se encontra em prisão domiciliar na e sua fiança foi estabelecida em 1,4 milhões de dólares.
O Acordo para a Reconciliação ou Acordo de Cartagena foi assinado em 22 de maio por Zelaya e Lobo, atual presidente de Honduras. A assinatura do acordo contribuiu para o retorno do ex-presidente de Honduras, após um exílio de 16 meses na República Dominicana, bem como alguns dos seus aliados e ex-funcionários, incluindo Flores Lanza. O documento foi mediada pelos presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Hugo Chávez, e permitiu o retorno de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA), que ocorreu em 01 de junho.
Flores Lanza, ex-ministro, é acusado de abuso de autoridade, fraude e apropriação indevida de fundos públicos, especialmente do uso de 30 milhões de lempiras (1.5 milhão de dólares), pertencente ao Fundo de Investimento Social Hondurenho. Também é suspeito de desvio de fundos do Estado para organizar uma campanha publicitária para um referendo promovido por Zelaya.
O governo de Lobo não aceitou as alegações de violação do Acordo de Cartagena, como denunciou Zelaya a partir da prisão de Flores, e pediu que a comissão que monitora o Acordo, verifique a situação. A vice-presidente, Marie Antoinette Guillen disse que o ex-ministro apareceu perante os tribunais de forma "voluntária" e que a decisão de um tribunal em prendê-o "é uma atribuição direta do poder do Estado (o Judiciário), que tem total independência em relação as ações do Poder Executivo".
"A oposição está sendo perseguida e os golpistas estão sendo protegidos, então me parece que Acordo de Cartagena está sendo violado, porque parte justamente do princípio da justiça e igualdade para todos", disse Zelaya em entrevista coletiva após para coordenar pela primeira vez, uma manifestação de FNRP na sua qualidade de coordenador geral. Ele ressaltou que Flores Lanza, protegido pelo Acordo de Cartagena, se apresentou voluntariamente ao tribunal de justiça "e o prenderam com se estivésse fugindo, bem como impuseram uma fiança exagerada e se trata de uma pessoa de classe média que com as suas poupanças conseguiu apenas comprar uma casa ", disse ele.
Zelaya disse ainda que o presidente Lobo foi o maior interessado em assinar o Acordo de Cartagena, denominado acordo de reconciliação nacional em Honduras: "Não tenho dúvidas de que ele agiu de boa fé, mas a sua boa fé está sendo violada e violentada quando há perseguição para os golpeados e proteção para os que golpearam".
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Zelaya denuncia que pacto não foi cumprido - Instituto Humanitas Unisinos - IHU