Como cultivar a felicidade e os talentos no trabalho

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17 Mai 2011

No Centro Hurtado, em Scampia, na Itália, não há reproduções nas paredes. Só obras autênticas, doadas por artistas fascinados pela determinação com a qual o reitor Fabrizio Valletti, jesuíta, está dedicado a "libertar" a região do domínio da máfia.

A reportagem é de Alessandro Monti, publicada no jornal Corriere della Sera, 16-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Missão difícil em uma área de 100 mil habitantes, onde a alternativa à fuga para muitos é aceitar trabalho clandestino ou propostas criminosas: um equilíbrio infernal em que o medo consome qualquer inclinação para projetar o futuro. E a entorpecente televisão certamente não ajuda, já que, em Scampia, mais do que em outros lugares, ela é o parceiro privilegiado, a verdadeira fonte de educação infantil e de formação dos adultos: vários aparelhos na mesma sala, sempre ligados, vistos por crianças de todas as idades.

Porém, as pessoas com parentes presos por furtos e tráfico de drogas que enchem a Igreja dos jesuítas e o Centro Hurtado mostram uma realidade que gostariam de mudar. Para estes, são projetadas as vantagens da passagem de uma vida em jogo na satisfação das necessidades básicas a uma vida que cultive também os desejos mais autênticos e os próprios talentos.

Uma solicitação que age profundamente e se pode tornar uma força explosiva ajudando a reconstruir suas próprias necessidades, segundo uma ordem de prioridade não imposta por outros para reencontrar a dignidade do trabalho.

Assim, os grupos de leitura quebraram o cerco da televisão, induzindo as crianças a comentar os personagens das histórias e os adultos a dramatizar os episódios ouvidos. Um resultado da "libertação" em curso é o nascimento da cooperativa de trabalho de mulheres jovens La Roccia: uma alfaiataria que produz bolsas e echarpes, vendidas diretamente através do boca a boca de uma rede mais ampla de apoiadores em toda a Itália. Um testemunho de que se pode trabalhar honestamente, sem sucumbir à máfia.

O projeto dos jesuítas não é apenas parte ativa na luta contra as máfias. É a tentativa de praticar aquela "felicidade pública" que os intelectuais napolitanos pensaram na primeira metade do século XVIII, colocando-o na base da economia civil logo esquecida, mas que está se reanimando em formas novas, com o encorajamento da encíclica Caritas in veritate e com a ação cada vez mais convicta de artesãos e empresários que acreditam nas relações amigáveis.