A doçura. André Comte-Sponville na oração inter-religiosa desta semana

Foto: Reprodução | Facebook

15 Outubro 2021

 

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG.

 

A doçura

 

A doçura é antes de tudo uma paz,

real ou desejada:

é o contrário da guerra,

da crueldade,

da brutalidade,

da agressividade,

da violência…

Paz interior,

e a única que é uma virtude.

Muitas vezes permeada de angústia

e de sofrimento

(Schubert),

às vezes iluminada de alegria

e de gratidão

(Etty Hillesum),

mas sempre desprovida de ódio,

de dureza,

de insensibilidade…

“Aguerrir-se e endurecer-se

são duas coisas diferentes”,

notava Etty Hillesum em 1942.

A doçura é o que as distingue.

É amor em estado de paz,

mesmo na guerra,

tanto mais forte quanto é aguerrido,

e tanto mais doce.

 

André Comte-Sponville 

 

Fonte: Facebook de Leo Zaqueu, 12/10/2021

 

André Comte-Sponville (Foto: Wikimedia Commons)

 

André Comte-Sponville (1952): filósofo materialista francês, ficou famoso por sua obra O espírito do ateísmo. Introdução a uma espiritualidade sem Deus (Martins Fontes, 2009), na qual descreve a experiência mística "passiva (sobrevém sem pretendê-la), breve (porque sua intensidade não poderia ser suportada durante mais tempo), que ultrapassa o tempo e a fragmentação ou a multiplicidade do Ser, sem mediação de conceitos, inexpressável a não ser com termos emocionais (exclamações) ou contradições ('a linguagem do desdizer-se')", conforme explica o jornalista Gonzalo Haya. Doutor em Filosofia pela Universidade de Sorbonne, onde também lecionou, Comte-Sponville se destacou por abordar temas relacionados às complexidades da filosofia, ao humanismo, ao ateísmo e ao materialismo. É autor de uma vasta obra, entre as quais destacamos: Le Sexe ni la Mort. Trois essais sur l’amour et la sexualité (Albin Michel, 2012) e L'inconsolable et autres impromptus (PUF 2018).

 

Leia mais