27 Abril 2018
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Dá-me tua mão
A cada um Deus fala, antes de criá-lo,
e noite em fora vai com ele, em silêncio:
mas as palavras, ainda antes do início,
são palavras de nuvens.
Longe de teus sentidos
vou até a fímbria de tua saudade:
dá-me algo de vestir!
Atrás das coisas cresce uma espécie de incêndio
que de ti projeta sombras
cada vez mais, até que elas me cobrem todo.
Deixa que te aconteça tudo: a beleza e o medo.
É preciso ir em frente, sentimento nenhum é o derradeiro.
Não te deixes ficar longe de mim.
Bem perto está o país
a que dão o nome de vida.
Tu o reconhecerás pela seriedade dele.
Dá-me tua mão.
Fonte: Rainer Maria Rilke. O livro de horas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993, p. 76
Rainer Rilke | Reprodução da obra de Leonid Pasternak -
Wikimedia Commons
Rainer Maria Rilke (1875-1926): Importante poeta alemão do século XX, dono de poesias conhecidas pela inovação e estilo lírico. Publicou em 1894 sua primeira obra intitulada Vida e Canções (Leben und Lieder). O poeta acreditava que a manifestação divina podia ser observada em todas as coisas. Sua poesia incitava o pensamento existencial e provocava o enfrentamento dos dilemas do começo do século XX. Além disso, sua obra exaltava a conexão entre homem e mundo. No Brasil, seu principal tradutor é Augusto de Campos, que lançou em 2003 o livro Coisas e anjos de Rilke (São Paulo: Perspectiva).
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Rainer Maria Rilke na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU