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02 Fevereiro 2020

Expedito Ribeiro de Souza. Brasil, †1991

Expedito foi Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria-PA, assassinado pelo pistoleiro José Serafim Sales, a mando do fazendeiro Jerônimo Alves de Amorim, julgado e condenado a 19 anos e 6 meses de prisão, no dia 06/06/2000. Rio Maria, Sul do Pará.

 

Clandestino, enterrei teu corpo
Na cova minúscula – e livre – do meu poema
Onde a cruz silenciou
Teu nome aceso no vermelho, latejando,
Fazendo nascer a manhã sobre as pedras.

Cada dia te celebro, puríssimo
E o teu negro-moreno da terra;
Te celebro no verão dos relâmpagos
Agarrados em cima do infinito;
Te celebro no som secreto das vertentes
Que as fecundações da madeira conduzem
Às araguais águas dos teus sorrisos.

Dedicaram-te a umidade dos tribunais
Para que outras enxadas voltassem à terra
Para que outros infernos sucumbissem na noite.
Fizeram chorar os teus filhos
Para que outros meninos entendessem
O roteiro infecundo das angustias
– e seus autógrafos.

Teu nome, a cada vez, uma pomba de sangue
Como um grito pendurado no olho dos poderes.
Teu nome um desespero, uma teimosia,
Um ofício incontinente de esperança.
Teu nome guardará os umbrais na noite da crueldade.
Será frequência de danças cuja repetição
Nos garantirá sempre a ultima luz espessa
Da tarde que deita no oeste.

Expedito, eras como um pássaro.
Sonoro como os passos do povo
Educando as estradas para os dias de rebelião.

Poema do livro, Raízes: memorial dos mártires da terra - Jelson Oliveira, Ed. Loyola, 2001