10 Mai 2020
Josimo Morais Tavares. Brasil, †1986.
Padre Josimo Moraes Tavares foi assassinado em 10 de maio de 1986, aos 33 anos. Recebeu inúmeras ameaças de morte por conta de sua defesa intransigente dos trabalhadores rurais. Mesmo assim, não quis abandonar nem a luta nem o local, o que gerou a incompreensão inclusive de colegas de clero. Foi assassinado em frente ao prédio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Cidade de Imperatriz – MA.
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/
Asesinado por el latifundio, mártir de la pastoral de la tierra, sacerdote, en Imperatriz (Brasil). Sacerdote negro, de 33 años. Párroco de São Sebastião de Tocantíns, en Goiãs. Asesinado a balazos por la espalda en la ciudad de Imperatriz. Un mes antes sobrevive milagrosamente a un atentado. Conoce la cárcel. Y su trayectoria, tras las huellas de Jesús, sólo puede terminar en el martirio.
Desde pequeño, solo con su madre, abandonados por el padre y con la única hermanita muerta, parten hacia Xambóia, huyendo de las inundaciones de Pará. Es casi un niño cuando decide ser sacerdote. Ingresa en el seminario y termina su formación en Petrópolis, donde aprende la teología del padre Leonardo Boff. Es ordenado sacerdote en 1979, en Xambóia, donde trabaja con jóvenes y campesinos y es responsable de la pastoral diocesana de conjunto. Ya en São Sebastião, es Coordinador de la Comissão Pastoral da Terra, CPT, de la diócesis de Tocantinópolis. Infatigable, ayuda a los campesinos a organizar sus sindicatos y a exigir la reforma agraria, recién aprobada por el gobierno. Cada pequeña victoria de los campesinos acrecienta el odio de los terratenientes. Seguro de su muerte, el 27 de abril, ante la asamblea diocesana, Josimo sereno, simple, casi alegre, expone las causas por las que es perseguido.
Entre otras cosas, dice: "Yo hice mía la pastoral que me ha comprometido, por la fuerza del Evangelio, con la causa de los pobres, de los oprimidos, de las víctimas de la injusticia. El discípulo no es mayor que su maestro: Si a mí me persiguieron, también los perseguirán a ustedes. Estoy luchando junto a los agricultores pobres y sin defensa, oprimidos por las garras de los latifundistas. Si yo me callo ¿quién los defenderá?" Sus últimas palabras, antes de morir, en cambio, son para su madre, doña Olinda: "¡Cuiden de ella! No la dejen sola." Los obispos hablan con el presidente Sarney para pedir protección después del atentado de Josimo. Pero es necesario que él muera para que el Brasil entero conozca la Unión Democrática Rural, UDR, organización latifundista, con sus propios y siniestros servicios armados y apoyo oficial en ciertos estados, responsable de la muerte del sacerdote.
Cuatro mil campesinos, cien religiosos, cincuenta sacerdotes, diez obispos acompañan el cuerpo de Josimo al cementerio. Dom Pedro Casaldáliga, obispo de São Félix do Araguaia, dice entonces: "La tierra de Goiãs, fecundada por la sangre de Josimo, de tantos campesinos, por las lágrimas de tantas madres, viudas, huérfanos va a producir maravillosos frutos de Evangelio".
Mártir da Terra
Josimo Morais Tavares, nasceu em Marabá-PA em 1953. Com a grande enchente de 1957 seus pais se mudaram para Xambioá-GO, onde viveu até os 11 anos de idade, saindo de lá para entrar no Seminário Menor Leão XIII, em Tocantinópolis, dirigido pelos padres Orionitas.
Estudou filosofia no Instituto Filosófico dos Salesianos em Lorena-SP. Em 1975, vai para Petrópolis-RJ, estuda no Instituto Franciscano de Teologia e Filosofia. Neste mesmo ano conhece a Teologia da Libertação, pela palavra e vivencia do então Frei Leonardo Boff.
Em janeiro de 1979 foi ordenando na cidade de Xambioá, um mês depois, assumiu com outro padre a paróquia e o colégio de 1° e 2° grau de Wanderlândia-GO. No mês de junho o padre foi para Itália e não voltou, então Josimo teve que assumir todo o trabalho, inclusive a pastoral da terra. Foi coordenador da Pastoral da Juventude e depois Coordenador da Pastoral Geral da Diocese.
Foi transferido para a Paróquia São Sebastião, em Tocantins, lá foi vigário e coordenador da Comissão Pastoral da Terra, CPT, da diocese de Tocantinópolis. Incansável, ajuda os agricultores a organizar sindicatos e a exigir a reforma agrária, recém aprovado pelo governo. Cada pequena vitória dos camponeses aumenta o ódio dos senhorios.
No dia 15 de abril de 1986 sofreu um atentado, mas as balas ficaram na porta da Toyota. Seguro sua morte em 27 de abril, durante a assembleia diocesano, Josimo sereno, simples, alegre, expõe as razões pela qual vem sendo perseguido.
Ele diz: "Eu fiz o meu compromisso com a pastoral da terra, pelo força do Evangelho, comprometido com a causa dos pobres, dos oprimidos, dos injustiçados. O discípulo não é maior que seu senhor: “Se eles me perseguiram, também perseguirão a vocês”. Eu estou lutando junto com os agricultores pobres e indefesos, oprimidos pelas garras dos proprietários de terras. Se eu me calar, quem vai defendê-los?”.
Suas últimas palavras antes de morrer, no entanto, é para sua mãe, Dona Olinda: “Cuide dela, não a deixe sozinha”. Os bispos falaram com o presidente Sarney para pedir proteção após o atentado contra a vida de Josimo. Porém foi necessário que ele morresse para que todo o Brasil conhecesse a União Democrática Rural, UDR, organização latifundiário com os seus próprios serviços armados e apoio oficial em determinados Estados, responsável pela morte do Pe. Josimo.
Pe. Josimo Morais Tavares, foi assassinado em Imperatriz-MA dia 10 de Maio de 1986, a mando de latifúndios da região do Bico do Papagaio-TO.
Quatro mil camponeses, religiosos e cinquenta sacerdotes, dez bispos acompanharam o corpo de Josimo até o cemitério. Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, em seguida diz: “A terra de Goiás, fecundada pelo sangue de Josimo, e de tantos camponeses, pela lágrimas de tantas mães, viúvas, órfãos irá produzir frutos maravilhosos do Evangelho”.
Sabia-se ameaçado de morte, mas afirmava com decisão: “Nem o medo me detém. É a hora de assumir. Morro por uma justa causa. Agora quero que vocês entendam o seguinte: Tudo isto que está acontecendo é uma consequência lógica resultante do meu trabalho, na luta pelos pobres, em prol do evangelho que me levou a assumir até as últimas consequências...”.
Abaixo poema escrito por Josimo em Agosto 1979.
LAMENTAÇÃO DOS PEQUENINOS
Ó Terra, minha Mãe e Pátria!
Qual arroz e feijão,
Em seu seio fui gerado e vim à luz!
Mas agora quem sou eu?
Humilhado, sem você,
Já velho e sem esperança,
Sem força para aguentar o combate,
Fui lançado fora do seu calor de mãe,
Como se vomita coisa ruim.
Os grandes e poderosos penetraram em você,
Pisaram todo o seu corpo,
Parte por parte
E arrancaram dos seus braços
Os mais queridos filhos,
Os mais sorridentes e trabalhadores,
Os mais fracos e pequeninos.
Mas você continua a existir!
A existir como escrava de grileiros e poderosos!
Cada dia, todo momento, cada minuto,
Imóvel, abismado, fraco, algemado em minha fome,
Ouço os seus gemidos de dores,
Esperando a libertação dos seus filhos.
Ó Terra, minha Mãe,
Olho em você e vejo apenas a Explorada;
A Sofredora, reduzida ao silêncio da maldade;
A Pátria invadida por terroristas oficiais!
Ó Mãe infeliz e vã!
Por que você ainda quer continuar a viver?
Já rotas por causa dos filhos violentados
Pelas armas oficiais,
Pelas leis de momentos,
Pela morte sem nome,
Suas entranhas dão seu último clamor aos céus.
Ninguém ouve!
Trovões e relâmpagos são formas de protestos
Contra as injustiças e a expulsão de seus amados!
Ninguém, ninguém mesmo, ouve os seus lamentos!
Ó Mãe fecunda
Obrigada a ficar estéril.
Você já não é a mãe de muitos filhos!
Fizeram de você simplesmente
A produtora de capim e escrava dos bolsos dos ricos!
Se olho para as suas matas,
Vejo puramente capoeira e Sol ao meio-dia!
Querendo colher alimentos que dão vida e saciam a fome,
Arrasto em meu corpo colonhões e lajeados...
Se quero sentir o cheiro do seu corpo virgem,
Meus narizes se enchem de catinga de bois a arados...
Qual o sentido da sua vida neste momento,
Ó Mãe infeliz e vã?!
Ainda vale a pena viver,
Ó Mãe sem filhos?
Fizeram de você simplesmente
A produtora de capim e escrava dos lucros dos ricos!
Ó Terra, minha Mãe e Pátria!
Qual arroz e feijão,
Em seu seio fui gerado e vim à luz!
Mas agora quem sou eu?
Ainda vale a pena querer viver,
Ó Mãe sem filhos,
Servindo apenas os ricos e poderosos?!!
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
Para ler mais:
Padre Josimo Tavares: 30 anos do martirio. Defensor dos pequenos camponeses brasileiros.
As comunidades Eclesiais de Base lembram dele como um dos"Mártires
da Caminhada". Disponível em: http://www.periodistadigital.com/religion/ (Notícia em espanhol)
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
10 de maio de 1986 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU