Pesquisa revela casos de mulheres vítimas de exploração sexual na Amazônia

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07 Agosto 2009

O pesquisador da ONG Sociedade de Defesa dos Direitos Sexuais da Amazônia (Só Direitos), Marcel Hazeu, estudou o tráfico de mulheres do Brasil e da República Dominicana para o Suriname e conheceu 18 mulheres da Amazônia, vítimas da exploração sexual.
Com esse trabalho, ele constatou que as trajetórias pessoal e familiar das mulheres amazônidas envolvidas com o comércio do sexo, revelam violência doméstica, exploração, migração e trabalho precoce.  Conheça, a seguir, uma dessas histórias.
D.I. 34 anos.
Solteira. Teve um pai de criação, fora dada para outra família depois que este pai morreu.  Trabalhou como babá dos cinco aos 14 anos. Teve sua primeira relação sexual aos 15 anos. "Eu não sabia que tinha perdido a virgindade, ele me deu vinho, quando acordei, ele já estava em cima de mim", conta.
Ela tem quatro filhos, cada um de um pai diferente. Alguns destes pais eram clientes de D.I. Um dos filhos nasceu de um estupro.  Ela passou grande parte da vida morando separada dos filhos e parou de estudar cedo.  Foi convidada a ir para o Suriname a fim de trabalhar num restaurante, mas na verdade foi levada com mais sete meninas para um clube fechado, quando tinha 23 anos.
"Quando cheguei lá, fiquei assustada. Tinha até um micro-ônibus pra levar as meninas. Chegando lá, eu olhei e vi um monte de mulheres num privê. Funciona de dia, as meninas que querem trabalham pra pagar mais rápido (a dívida). Tem uma que é obrigatório trabalhar. Quando foi à noite, ele (o dono do clube) chamou as meninas no escritório, ele deu as boas vindas e disse que, se fôssemos obedientes, poderíamos ser grandes amigas dele.  Foi um inferno. Fazia programa até doente pra pagar habitação, comida e limpeza", relata.
D.I. foi levada depois para outros clubes na Alemanha e na Holanda.  Foi mandada de volta ao Brasil, depois de dois anos, por não ter visto de permanência.  No retorno ao Brasil, viveu crises de depressão e problemas de saúde devido ao uso de drogas.  Esteve internada num centro de recuperação em Belém.  Hoje ela tenta ganhar a vida fazendo salgadinhos e doces, voltou a morar com a mãe e seus filhos, e pretende voltar a estudar.

(cfr. notícia desta página, 07-07-09).