Por: André | 19 Dezembro 2011
Após ter sido afastada, foi “indultada” a freira que no Phoenix, no estado norte-americano do Arizona, aprovou um aborto terapêutico. Foi perdoada a Ir. Margaret McBride, que retornou à Congregação da Misericórdia, embora há três anos (como membro do comitê ético) tenha autorizado uma interrupção voluntária de gravidez no Hospital St. Joseph Medical Center no caso de uma mulher grávida de 11 semanas com hipertensão pulmonar.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e está publicada no sítio Vatican Insider, 15-12-2011. A tradução é do Cepat.
Na estrutura sanitária em 2009, com o consenso da Ir. Margaret McBride, uma das administradoras do hospital administrado pela Igreja, foi provocado o aborto de uma mulher cuja vida, em contrário, teria corrido perigo. O bispo de Phoenix excomungou a Ir. McBride e precisamente por causa desse aborto retirou o patrocínio da Igreja Católica à clínica. Após ter sido excomungada da Igreja por um ato julgado “inadmissível” por seu bispo, agora a religiosa retornou ao seu posto.
A paciente do St. Joseph sofria de hipertensão pulmonar, uma doença rara potencialmente letal e que muitas vezes se agrava com a gravidez. Junto com a Ir. McBride foram excomungados também os médicos do hospital envolvidos no aborto e a própria mãe. A religiosa, explicou a diocese, foi excomungada porque “tinha uma posição de autoridade no hospital e muitas vezes era consultada sobre questões éticas”. A irmã “deu seu consentimento” sustentando “que o aborto neste caso era moralmente aceitável segundo a doutrina da Igreja, um fato que ela mesma pessoalmente admitiu perante o bispo Olmsted”.
O Hospital St. Joseph é o mais antigo e um dos mais importantes de Phoenix. A paciente estava grávida de 11 semanas e suas condições se haviam agravado de repente a ponto de os médicos chegarem a temer por sua vida caso a gravidez tivesse prosseguido. A doença limita a capacidade do funcionamento normal do coração e dos pulmões. O comitê ético do hospital, do qual a religiosa fazia parte, julgou necessário recorrer ao aborto: de outro modo, a mulher quase seguramente teria morrido. “Foi um caso trágico, para salvar a vida da mãe foi necessário interromper a gravidez”, declarou Suzanne Pfister, vice-presidente do Hospital St. Joseph.
Uma posição que em nada agradou o bispo Olmsted: “Uma criança que não nasceu não é uma doença. Se é verdade que os médicos têm que tratar de salvar a vida de uma mulher grávida, o meio não pode ser assassinar outra criatura”, proclamou o bispo. A Ir. McBride era a superiora da ordem das Sisters of Mercy no St. Joseph: após a comunhão foi removida para outras funções. “Era a consciência moral de nosso hospital”, disse a seu favor John Garvie, o médico chefe especialista em gastroenterologia: “Ninguém deveria criticar a difícil decisão que tomou”.
Muitos na comunidade médica se haviam declarado de acordo com o hospital e não com o bispo. “O bispo, os rabinos e outras autoridades religiosas verdadeiramente não têm nenhuma voz em capítulo quando se trata de decidir entre salvar uma mãe que tem que continuar vivendo ou uma criança ainda não nascida”, declarou Jacques Moritz à ABC News. Christian Pettker, professor assistente de Obstetrícia, Ginecologia e Assistência ao Parto na Yale University School of Medicine disse que infelizmente é comum nos hospitais católicos a limitação na hora de tomar decisões. “Neste caso, falamos de um procedimento que tem alta probabilidade de proteger a vida da mãe. Esta paciente sofria de hipertensão pulmonar, com um risco de morte associado à gravidez estimado em mais de 50%”, confirmou Pettker. “A comissão ética do hospital que aprovou este procedimento, seguramente levou em consideração todas as opções com muita atenção, sobretudo considerando o risco de morte desta paciente”.
Bento XVI mais de uma vez corroborou a condenação do aborto. A condenação que chega sem reservas da Santa Sé se faz de maneira particular ao aborto terapêutico: “O aborto não é justificado em nenhum caso”, declarou. O pontífice repetiu em diversas ocasiões que o aborto “custa a vida de muitas crianças inocentes que não nasceram e segue sendo uma preocupação dolorosa para a Santa Sé e toda a Igreja”. E explicou que “o debate sobre o aborto tardio pode suscitar nos responsáveis políticos uma reflexão sobre o fato de que uma previsível incapacidade de uma criança não pode ser uma razão para abortar”. Segundo o Bento XVI, de fato “também a vida na incapacidade tem valor e é vontade de Deus, porque na terra não existe para ninguém e nunca a garantia de uma vida sem limitações corporais, psíquicas nem mentais”.
Para o catecismo da Igreja Católica a vida humana tem que ser respeitada e protegida de maneira absoluta desde o momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano tem que ver reconhecidos seus direitos como pessoa, entre os quais, o direito inviolável de todos os seres inocentes à vida. Desde o século I, a Igreja declara a maldade moral do aborto provocado. Este ensinamento não mudou. Segue sendo invariável. O aborto direto, isto é, aquele praticado como um fim ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral. A cooperação formal em um aborto constitui uma culpa grave.
A Igreja castiga com uma pena canônica de excomunhão este crime contra a vida humana. “Quem procura o aborto, caso alcançar seu efeito, incorre na excomunhão latae sententiae pelo fato de ter cometido o crime” nas condições previstas pelo direito. A Igreja não pretende deste modo abraçar o campo da misericórdia. Coloca em evidência a gravidade do crime cometido, o dano irreparável causado ao inocente assassinado, aos seus pais e a toda a sociedade. O direito inalienável à vida de todos os indivíduos humanos inocentes representa um elemento constitutivo da sociedade civil e de sua legislação.
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Perdoada a freira que autorizou um aborto terapêutico nos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU