02 Novembro 2011
Autônomos quanto a questões morais, mas alinhados com a Santa Sé na crítica ao liberalismo desenfreado. Os adeptos da Igreja católica, que reunem o maior grupo religioso dos EUA (ao redor de 68 milhões de fiéis), com um incremento de 1,5% no ano passado, é a cada 06 anos objeto de uma pesquisa que documenta suas orientações.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e publicada pelo Vatican Insider, 27-10-2011. A tradução é do Cepat.
Agora, a quinta pesquisa da série demonstra que os católicos dos Estados Unidos estão cobrando certa autonomia nas decisões morais em relação a Roma, ainda que se alinhem aos temas sociais. O catolicismo norteamericano é um pouco particular. E João Paulo II o via com confiança. Muitos bispos foram nomeados por Bento XVI na linha do que o vaticanista John Allen chama de "ortodoxia afirmativa". Trata-se de uma linha eclesial fiel aos ditames da doutrina, mas que não se mostra fechada e não tem medo. É uma espécie de conservadorismo moderno, aberto aos desafios do momento, dinâmico, jovem.
Por isso, analisar a Igreja americana é útil para se compreender o futuro da igreja, seus espaços e horizontes. "É significativo que na situação atual da crise, a comunidade católica (a maior confissão religiosa do país) tome cada vez mais como ponto de referência a doutrina social da Igreja e a necessidade de justiça e solidariedade em favor do bem comum" – comenta o cardeal Achille Silvestrini (foto), ex-ministro de Assuntos Exteriores do Vaticano. "Em sua encídclica social, o Papa acertou quando indicou o risco, que leva o proceder socialmente a mercê dos interesses e das lógicas de poder que tem consequencias desagregadoras. Foi entendido e assimilado pelos católicos estadunidenses o compromisso da Igreja para voltar a introduzir a caridade na ética da vida", diz ele.
A distância que os separa - leigos - da hierarquia eclesiástica, entretanto, se encontra nas questões morais. A pesquisa on-line foi realizda sobre uma mostra de 1.442 adultos que se declaram católicos. Durante o último quarto de século, a atitude e os costumes dos católicos, além da composição da Igreja, tem mudado notavelmente, ainda que se mantenham firmes algumas convicções. "Nos últimos anos, a atitude e os costumes dos católicos mudaram bastantes, mesmo que tenham mantido firmes algumas convicções básicas", destaca Tom Roberts no National Catholic Reporter.
As convições católicas fundamentais e os sacramentos ocupam lugar central na fé para a maior parte dos católicos dos Estados Unidos. Para 73% crer na ressureição é muito importante, enquanto a doutrina sobre Maria, mãe de Deus, é importante para 64%. 63% consideram os sacramentos, como a Eucaristia, muito importante. 67% consideram muito importante "ajudar os pobres".
A taxa de participação na missa continua sendo constante, mas muda segundo as gerações. "O nível de participação da geração mais jovem de católicos, conhecida tambem como "Millennials", ou seja, aqueles que alcançaram a maioridade no século XXI, é o nível mais baixo entre todas as gerações pesquisadas", destaca Roberts. Entretanto, também a maior parte dos hispanos, cuja taxa de participação, é entre outras coisas superior ao resto da população, concordam que a participação na missa dominical não é necessária para ser considerado bom católico.
A geração "pré-Vaticano II" está desaparecendo. Ao mesmo tempo, é a geração do "milênio" dos católicos que enche as filas. Uma das características que a distingue dos "Millennials" é que atualmente 45% pertencem à comunidade hispana e este número irá crescer nos próximos vinte anos. Hispanos e não hispanos mostram discordância em relação a uma série de questões. Uma diferença significativa: para 70% dos hispanos ajudar aos pobres é importante, enquanto que para os outros, a percentagem cai para 56%. Os hispanos também são mais tradicionais: para eles ao contrário dos não hispanos, é necessário estar de acordo com os ensinamentos da Igreja a respeito de uma série de questões, como por exemplo, voltar a se casar após o divórcio ou também sobre o aborto.
Segundo a pesquisa, um de cada cinco católicos afirma que os líderes da Igreja, como o Papa e os bispos, são juízes sobre o que é justo e o que não é em relação a questões como o divórcio, matrimônio, aborto, relações sexuais pré-matrimoniais, homossexualidade e contracepção; enquanto que o restante sustenta que cada um deve por ele mesmo decidir frente aos ensinamentos dos líderes da Igreja.
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A Igreja "made in Usa" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU