14 Agosto 2011
O recrutamento forçado de crianças é um dos aspectos mais tristemente conhecidos e um dos mais ferozes gerados pela guerra.
A reportagem é de Michelangelo Nasça, publicada no sítio Vatican Insider, 14-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A crise humanitária que explodiu no Chifre da África parece impossível de ser detida. Há dois problemas principais que estão levando uma população de 12 milhões de pessoas ao colapso: a guerra na Somália, que obriga milhões de pessoas a fugir da sua própria pátria para encontrar refúgio nas terras vizinhas e o drama da seca que provoca fome e carestia.
Há também outra praga perigosa, que leva milhões de famílias a abandonar a terra somali: o recrutamento forçado de crianças, um dos mais aspectos mais tristemente conhecidos e um dos mais ferozes gerados pela guerra, especialmente nos territórios africanos, onde as condições de vida são caracterizadas pela extrema pobreza.
Em Mogadíscio [capital da Somália], as crianças são alistadas, indiferentemente, pelos rebeldes extremistas de al-Shabaab ou pelos soldados do governo. A guerra matou muitos adultos, e os menores (às vezes órfãos) são recrutados para o Exército, sem levar em conta a sua idade nem os direitos internacionais da proteção dos menores.
Com o argumento vil e desumano de lhes dar um pouco de dinheiro ou mesmo um celular, ou, pior ainda, com a força, um considerável número de crianças são recrutadas e enviadas para o fronte, para experimentar os horrores da guerra.
"A crise da Somália – afirma Michelle Kagari, vice-diretor para a África da Anistia Internacional – não é só uma crise humanitária. É uma crise dos direitos humanos e uma crise das crianças". E acrescenta: "Esse é um conflito sem fim, em que, todos os dias, as crianças vivem horrores inimagináveis. O risco de se converter em uma geração perdida é concreto, se o mundo continuar ignorando os crimes de guerra que atingem tantas delas".
Para enfrentar o drama da seca africana, uma ajuda financeira adicional do governo dos EUA, que promete mais 17 milhões de dólares (580 milhões já foram alocados nos meses anteriores). Muitas são as nações que, nestes dias, oferecem sua solidariedade (não só econômica) às regiões do Chifre da África.
"Acredito que o mais importante, além do que está sendo feito – declara Giampietro Dal Toso, secretário do Pontifício Conselho Cor Unum –, é não baixar a guarda, sobretudo quando o efeito emocional acabar. Alguns dos países envolvidos arrastam há anos as crises humanitárias e políticas que constrangeram as Nações Unidas, suas agências e alguns governos. Mesmo que a presença da comunidade internacional esteja assegurada, repito: parece-me que ela deva ser mantida, porque atualmente é a crise financeira que ocupa a maior parte das informações".
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Chifre da África: a fome e a tragédia das crianças-soldados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU