25 Fevereiro 2011
"Os cidadãos de Tunes não precisavam do Wikileaks para conhecer o grau de corrupção dos governantes e seu entorno, mas o impacto das informações incitou, sim, o mal-estar prévio nesse país, que foi o detonador das revoltas seguintes no mundo árabe". O diretor do El País, Javier Moreno, acredita que os documentos publicados foram um fator coadjuvante das revoluções nesses países. Ele atribui o papel determinante "às redes sociais em seu conjunto, à nova sociedade da informação, à velocidade com a qual as notícias circulam: essa foi a base sobre a qual se construiu esse movimento".
A reportagem é do jornal El País, 24-02-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele opina que, no resto do mundo, a publicação dessas informações secretas propiciará uma luta entre a transparência exigida aos governos e seu "legítimo direito" a se manterem secretos. "Os governos tentarão proteger melhor os seus segredos, e as organizações e os periódicos tentarão ter mais acesso a eles do que no passado".
Do ponto de vista jornalístico, Javier Moreno considera que esse processo informativo, coordenado com as outras quatro publicações de referência internacional, significou uma "injeção de adrenalina e de orgulho profissional para o El País". "Aplicamos nosso melhor esforço para produzir grande jornalismo. E, para os leitores, foi um fluxo de informação interessante, em profundidade, bem contextualizada. Conheceram grandes histórias nacionais e internacionais cujos perfis não vislumbrávamos totalmente, e algumas absolutamente novas de impacto para a política espanhola".
Ele não acredita, no entanto, que essa aventura profissional, de grande repercussão na web, traga uma nova luz para definir um modelo de negócio. "Entre os periódicos participantes, cada um aplica um modelo e tem estratégias diferentes. Há páginas de Internet abertas, outras pagas... Faríamos mal em tentar extrair uma lição comum sobre o modelo de negócio para sustentar o jornalismo que queremos fazer. Mas, quando se difundiram os telegramas, houve um aumento do tráfego na web, tanto na Espanha quanto na América Latina, e a audiência é importante", sustenta.
"Ser capazes de se converter em um jogador global é vital para estabelecer um modelo de negócio. Os cidadãos respondem recorrendo às páginas e consumindo informação".
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"As redes sociais foram a base das revoltas árabes" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU