09 Fevereiro 2011
Organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos, no Equador, pedem a saída dos Arautos do Evangelho.
A solicitação está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 08-02-2011. A tradução é do Cepat.
Eis o texto.
Aos 28 dias do mês de janeiro de 2011, o conjunto de organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos, considerando que:
– Deve ser preocupação e interesse da sociedade civil e suas organizações velar pelo fortalecimento dos processos organizativos constituídos a favor do desenvolvimento, da construção de uma cultura de paz e da melhoria das condições de vida da população, comprometidos com os setores mais pobres.
– Sucumbíos, antes de seu nascimento como província, foi desenvolvendo um tecido social importante no mundo das nacionalidades, comunidades mestiças, povo afro-equatoriano, setores urbanos populares e marginais. Todo este processo nasceu do acompanhamento e inspiração da Igreja de San Miguel de Sucumbíos (ISAMIS) em âmbito local.
– Sucumbíos é uma província estratégica no contexto nacional, não apenas pela riqueza de recursos, mas também por sua diversidade cultural e os graves acontecimentos suscitados nos últimos anos pela implantação do Plano Colômbia, e o forte fluxo migratório e sua situação fronteiriça.
– Os acontecimentos recentes, desatados em outubro de 2010 com a mudança na administração do Vicariato de San Miguel de Sucumbíos, confiada à Congregação dos Arautos do Evangelho – Cavaleiros da Virgem –, evidenciam cada vez mais o afastamento dos Arautos do Evangelho das estruturas organizativas populares e do sentido e prática da participação das e dos laicos nas questões sociais da Igreja, o que evidencia a não aceitação por parte da nova administração do Vicariato Apostólico de San Miguel de Sucumbíos do processo feito e fortalecido ao longo dos últimos 40 anos.
– É importante, para o bem da província, fortalecer suas instituições, não apenas da estrutura do Estado, mas também as próprias da sociedade civil, e destas em sua relação com o Estado, para favorecer a atenção das e dos mais pobres, a inclusão de todas/os que a ISAMIS favoreceu até setembro passado, a cultura da paz, o diálogo intercultural, a tolerância e a correspondência sociedade-Estado.
Frente a estas inquietudes, as organizações da sociedade civil da Província, reunidas em Nueva Loja, na sede do FEPP [Fundo Equatoriano Populorum Progressio], fazem o seguinte pronunciamento à sociedade civil de Sucumbíos:
1. Apoiamos e aderimos ao pronunciamento e decisões da Assembleia Diocesana Extraordinária de Pastoral do Vicariato Apostólico de Sucumbíos, realizada no dia 07 de janeiro, instância legitimamente constituída que contou com a representação de todos os setores da ISAMIS em toda a província, na qual pede às autoridades eclesiais a saída da Congregação dos Arautos do Evangelho do Vicariato.
2. Constatamos e afirmamos que o problema suscitado não é apenas de caráter eclesial, religioso e de fé; o que acontece com a Igreja de San Miguel de Sucumbíos é um assunto público, que afeta diretamente as organizações sociais e aqueles que as integram e as diversas estruturas institucionais da província de Sucumbíos. Assim o entendem as organizações da sociedade civil e manifestamos a nossa recusa em aceitar a implantação de uma Igreja hierárquica, impositiva, machista, sem participação cidadã, e afastada dos interesses de trabalho das organizações sociais, o que vai contra o espírito participativo e de organização, e atenta contra o exercício de nossos direitos e a segurança social, garantidos por nossa constituição.
3. Finalmente, as organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos manifestam:
a) A necessidade de denunciar esta situação à cidadania da província, do país e do mundo.
b) O apoio às iniciativas de reconhecimento da liderança e das iniciativas de trabalho pastoral da ISAMIS durante os 40 anos anteriores, promovido pela Ordem dos Padres Carmelitas Descalços, seus sacerdotes e Mons. Gonzalo López Marañón como bispo.
c) A urgência de denunciar as ações de imposição, exercício de poder e de força que a Congregação dos Arautos do Evangelho desenvolve frente às instituições e organizações da sociedade civil, buscando limitar seu livre pensamento e o exercício de seus direitos.
d) Que exortamos as autoridades, líderes e sociedade em geral para manter uma atitude ativa e vigilante, de alerta e unidade no acompanhamento desta situação, dentro do espírito de construção coletiva, de paz e não violência.
e) Que aderimos ao plano acordado interinstitucionalmente a favor da causa da Igreja de Sucumbíos – ISAMIS.
f) Que nos unimos à vigília permanente aprovada na Assembleia da ISAMIS de 7 de janeiro, que está sendo realizada na pracinha da Catedral de Nueva Loja, todas as noites.
g) Reiteramos o compromisso na defesa dos interesses da província e o cuidado de nosso espaço social.
Os abaixo-assinados somos cidadãos e cidadãs que aderimos a este pronunciamento e atuamos como representantes das organizações que assinam este manifesto, legalmente facultados.
Marcelo Arana, Coordenador
Delia Malvay, Presidente FEPP Lago Agrio Federação de Mulheres de Sucumbíos
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"Pedimos a saída dos Arautos do Evangelho de Sucumbíos’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU