Por: Cesar | 16 Dezembro 2011
A jovem é reconhecida como uma das pessoas responsáveis pela instalação da problemática da educação no debate nacional no Chile.
A reportagem é de Christian Palma e publicada pelo Página/12, 14-12-0211. A tradução é de Luiz Carlos Soares, colaborador do Cepat.
Ainda que na semana passada tenha deixado a presidência da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech) - uma das colunas vertebrais do movimento estudantil chileno -, sua figura continua reconhecida como importante gestora da problemática educacional instalada no debate nacional. Conseguiu também que a situação escolar fosse reconhecida transversalmente como um sistema esgotado, falido. Herança da ditadura de Pinochet.
Estamos falando de Camila Vallejo, a estudante de geografia e militante comunista que conseguiu aglutinar massas de ativistas e incentivou a até recentemente apática e despolitizada juventude chilena a sair às ruas e expressar o descontentamento social. Sua imagem deu a volta ao mundo e ainda continua despertando o interesse da mídia.
Uma pesquisa da consultora Imaginacción, Rádio Cooperativa e a Universidade Técnica Federico Santa Maria, revelou que 35,3% das pessoas consultadas escolheram Camilla Vallejo como a personalidade do ano no Chile. A líder estudantil foi a mais lembrada como a figura mais relevante em 2011, seguida muito ao longe pelo presidente de direita Sebastián Piñera, que recebeu 20,4% das menções, pelo poeta Nicanor Parra, ganhador do Prêmio Cervantes (14,8%) e Alexis Sanchez, o jogador chileno de futebol com maior destaque no mundo (14,7%).
Atacada, admirada, vaiada e elogiada, assim tem sido a tônica das aparições públicas de Vallejo, desde que, em meados deste ano, brilhou em programas de televisão com visão política e começou a se fazer conhecida. Destacou-se também em suas participações no Congresso Nacional no momento em que defendeu a qualidade e a gratuidade da educação ou ao enfrentar públicos de até 500 mil pessoas em algumas das marchas realizadas este ano.
Em uma de suas últimas entrevistas, Camila Vallejo - que seguirá ligada ao movimento estudantil como vice-presidente da Fech - teve tempo para falar extensamente do mundo político. Disse, por exemplo, que daria como presente ao ministro da Educação, Felipe Bulnes, uma garrafa de bebida alcoólica para que "como pessoa e politicamente, abrande o coração e a cabeça e entenda que esta não é uma guerra contra o governo". Para Piñera, a dirigente estudantil ofereceu como presente "um curso de marketing ou uma assessoria de comunicação".
Junto a ele, reiterou sua crítica ao Parlamento na aprovação do Orçamento da Educação, cujo montante de cerca de 12 bilhões de dólares não satisfez os dirigentes. "Por que não tivemos 80% dos votos no Parlamento, se 80% da população indica outra coisa? Então, acreditamos que o movimento tem que disputar esses espaços através dos seus representantes", sustentou. Isso em um cenário onde os universitários retornaram às urnas internas em suas instituições e que, caso isso seja transferido ao mundo político, poderia modificar qualquer cenário ou projeção para as próximas eleições municipais de 2012 e presidenciais 2014.
Além disso, a pesquisa revelou que 46,6% dizem que o tema mais relevante do ano foi a educação, enquanto 25,3% citam a deliquência e 20,8% nominam os movimentos sociais. Quanto à escolaridade, 66,2% dos pesquisados concordam com a eliminação do sistema [de educação] municipalizado, enquanto 81,9% dos entrevistados crêem ser necessária a eliminação dos lucros na educação e 60,3% concordam que a educação deve ser gratuita para todos.
Na área econômica, 37,1% consideram que o governo opera bem nas questões econômicas do país, o que representa um decréscimo de 42 pontos percentuais em relação à avaliação de setembro. Todavia, 80,4% dos entrevistados não se sentem protegidos contra eventuais abusos que possam cometer as grandes empresas, as instituições de crédito e os emissores de cartões comerciais.
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Camila Vallejo é a personalidade do ano no Chile - Instituto Humanitas Unisinos - IHU