09 Novembro 2011
Já perguntamos às pessoas a respeito da participação em uma escola ou faculdade católica dos EUA várias vezes desde que começamos esta série de estudos da American Catholics. As questões foram incluídas nas pesquisas de 1993 e 2005, assim como nesta pesquisa de 2011. Os resultados foram muito consistentes com o que sabemos sobre o acesso à educação católica ao longo do tempo.
A análise é de Mary Gautier, integrante do grupo de pesquisa Catholics in America, em artigo publicado no sítio National Catholic Reporter, 24-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em geral, católicos pré-Vaticano II tinham um acesso relativamente bom para a educação católica: cerca de quatro em cada 10 frequentaram uma escola de ensino fundamental católica; um em cada quatro estudaram em um colégio católico; e um em cada 10 frequentou uma faculdade católica.
Da mesma forma, os católicos da geração Vaticano II também tiveram um bom acesso a escolas católicas. Metade das pessoas dessa geração frequentaram uma escola de ensino fundamental católica; cerca de um quarto estudou em um colégio católico; e cerca de um em cada dez frequentou uma faculdade ou universidade católica.
Na pesquisa de 2011, pela primeira vez, temos millennials [membros da geração Y] suficientes para começar a medir o impacto das imensas mudanças demográficas que descrevemos em outros artigos. Também temos um número suficiente de católicos hispânicos para medir o acesso à educação católica a partir desse aspecto também. Este artigo revela um primeiro olhar sobre algumas dessas diferenças.
Em geral, 37% dos católicos da nossa amostra frequentaram uma escola de ensino fundamental, médio ou colegial católica, e metade deles frequentaram por pelo menos oito anos. Um em cada cinco pessoas frequentou uma escola de ensino médio católica, em média por quatro anos. Cerca de um em cada 10 (8%) frequentou um colégio ou universidade católica, e metade deles estudaram nessas instituições por pelo menos quatro anos.
Em termos de geração, 29% dos millennials frequentaram uma escola fundamental católica, em comparação com os 31% de católicos pós-Vaticano II, 48% de católicos da geração Vaticano II, e 44% de católicos pré-Vaticano II neste estudo. Da mesma forma, 15% dos millennials frequentaram uma escola de ensino médio católica, aproximadamente a mesma quantidade de católicos pós-Vaticano II (17%), mas menos que os católicos da geração Vaticano II ou pré-Vaticano II (24% e 27%, respectivamente). O padrão é semelhante para a participação em faculdades ou universidades católicas, embora a diferença entre as gerações seja muito pequena para ser significativa.
Esta pesquisa também nos fornece um primeiro olhar claro sobre a diferença entre os hispânicos e os não hispânicos em termos de acesso à educação católica. Embora houvesse muito poucos católicos hispânicos pré-Vaticano II como amostra, temos um número suficiente nas outras três gerações para comparar. Como mostra a Tabela 9, os católicos hispânicos de qualquer geração nunca são mais do que a metade dos católicos não hispânicos da mesma geração em termos de frequência em uma escola católica de qualquer nível.
Quando separamos a pesquisa 2011 entre hispânicos e não hispânicos, as diferenças na educação católica são impressionantes.
A Tabela 9 mostra a distribuição esperada para a educação católica entre católicos não hispânicos das gerações pré-Vaticano II e Vaticano II, assim como vimos nas pesquisas de 1993 e 2005: cerca da metade frequentou uma escola de ensino fundamental católica, e cerca de um quarto estudou em uma escola de ensino médio católica.
Os católicos pós-Vaticano II e millennial, no entanto, são menos propensos do que as gerações que os precederam a frequentar uma escola de ensino fundamental católica. Eles devem ter estudado na escola primária nos anos 1980 e 1990, uma época de imensas mudanças sociais e econômicas. Seus pais, entre as muitas famílias católicas que saíram das cidades e se mudaram para os subúrbios, que saíram do Rust Belt [nordeste dos EUA] e entraram no Sun Belt [sul e sudoeste dos EUA], estavam aprendendo em primeira mão que construir e equipar novas escolas católicas para atender a demanda era proibitivamente caro.
Ao contrário, muitos deles optaram por escola pública mais facilmente acessíveis e menos caras, combinadas com uma educação religiosa baseada nas paróquias. Essas duas gerações também eram menos propensas a frequentar um colégio católico, embora a diferença entre elas e as duas gerações mais velhas esteja dentro da margem de erro. Não há nenhuma diferença na probabilidade de frequentar uma faculdade ou universidade católica.
Relatamos algumas diferenças de educação e de renda entre católicos hispânicos e não hispânicos em outro artigo. Aqui vamos olhar novamente essas mesmas variáveis, para ver se a educação católica faz a diferença. O que vemos nos dados é que, para os não hispânicos, o fato de ter frequentado uma escola de ensino fundamental católica não está associado com o fato de se formar em uma faculdade ou ganhar uma renda familiar de 75.000 dólares ou mais. Estudar em um colégio católico está apenas modestamente associado a esses dois resultados.
Entre os católicos hispânicos, porém, há uma forte associação entre o ensino católico e o sucesso socioeconômico. Hispânicos que frequentaram uma escola de ensino fundamental católica têm duas vezes a mesma possibilidade, em comparação com aqueles que não frequentaram, de ter um diploma universitário e uma renda familiar de 75.000 dólares ou mais. A associação é ainda mais forte para aqueles que estudaram em um colégio católico. Não estamos sugerindo que o ensino católico provoca o sucesso mais tarde na vida – certamente há muitos outros fatores que interferem –, mas aqui as comparações são dignas de nota. O ensino escolar faz a diferença para os hispânicos.
Comportamentos e atitudes
O ensino católico faz alguma diferença na forma como os católicos praticam a sua fé e em suas atitudes acerca da Igreja? Se sim, essas diferenças valem tanto para católicos hispânicos quanto para católicos não hispânicos?
Os dados mostram que, pelo menos em termos da forma como os católicos praticam a sua fé, estudar em um colégio católico faz a diferença. Por exemplo, entre os não hispânicos que frequentaram um colégio católico, três em cada quatro estão registrados em uma paróquia, em comparação com os 62% daqueles que não frequentaram um colégio católico.
Entre os hispânicos, sete em cada dez dos que frequentaram um colégio católico estão registrados em uma paróquia, em comparação com menos da metade daqueles que não frequentaram. Os não hispânicos que estudaram em um colégio católico também são mais propensos do que aqueles que não frequentaram a participar da missa mais do que mensalmente (49% contra 38%), a rezar pelo menos diariamente (66% em comparação com 46%), e a se classificar como altamente comprometido em nossa escala de comprometimento (28% em comparação com 17%).
Quando perguntados sobre por que eles participam da missa, a educação católica também faz a diferença. Os católicos hispânicos que frequentaram escolas de ensino fundamental católicas são mais propensos do que aqueles que não frequentaram a dizer que participam da missa porque gostam de experimentar a liturgia (88% em comparação a 68%) e eles são menos propensos a dizer que participam por costume (36% em comparação com 46%). Tanto para hispânicos quanto para não hispânicos, cerca de um quarto daqueles que frequentaram uma escola de ensino fundamental católica, em comparação com cerca de um terço daqueles que não frequentaram, dizem estar muito ocupados para assistir à missa com mais frequência do que fazem.
Frequentar uma escola católica também faz diferença em alguns aspectos da identidade católica, especialmente entre os católicos não hispânicos. Seis em cada dez católicos não hispânicos que estudaram em uma escola de ensino fundamental católica (e sete em cada dez daqueles que frequentaram um colégio católico) dizem que nunca deixariam a Igreja; menos da metade daqueles que tem escolaridade católica disseram o mesmo.
Mais da metade dos católicos não hispânicos que frequentaram um colégio católico, em comparação com três em cada dez que não frequentaram, concordam que ser católico é uma parte muito importante do que eles são. Quatro em cada dez católicos não hispânicos que estudaram em um colégio católico, em comparação com três em cada dez que não estudaram, concordam fortemente que é importante para eles que as gerações mais jovens da sua família cresçam católicas. Da mesma forma, seis em cada dez católicos hispânicos que estudaram em uma escola de ensino fundamental católico, em comparação com metade daqueles que não estudaram, concordam com a mesma força com essa afirmação.
Finalmente, frequentar uma escola católica faz a diferença, particularmente entre os não hispânicos que estudaram em um colégio católico, na importância de uma série de declarações de crença sobre a Igreja. Não hispânicos que frequentaram um colégio católico são mais propensos do que aqueles que não frequentaram a dizer que cada um dos itens da Tabela 13 é muito importante para eles enquanto católicos.
Hispânicos que estudaram em um colégio católico são mais propensos do que aqueles que não estudaram a dizer que os sacramentos e o envolvimento da Igreja na justiça social são muito importantes para eles enquanto católicos. Eles são menos propensos do que os hispânicos que não frequentaram um colégio católico a dizer que a autoridade magisterial do Vaticano é muito importante para eles enquanto católicos.
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Educação católica: ainda faz alguma diferença? Os dados de uma pesquisa feita nos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU