28 Março 2011
A crise nuclear no Japão voltou a se agravar ontem, com a informação de que a água com elevados níveis de radiação encontrada no local pode ter vindo do reator nº 2 e de que traços de plutônio foram achados em cinco pontos do solo da usina de Fukushima.
A reportagem é de Cláudia Trevisan e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-03-2011.
O plutônio é um combustível mais tóxico do que o urânio e é utilizado em apenas um dos seis reatores da planta, o de nº 3. Na sexta-feira, o porta-voz da agência de segurança nuclear, Hidehiko Nishiyama, disse que é provável que a estrutura do reator tenha sido danificada pelo duplo desastre natural que atingiu o Japão há 18 dias, o que teria reduzido sua capacidade de conter vazamentos de material radioativo.
O aumento da quantidade de água contaminada em diferentes locais da usina dificulta a tentativa de restabelecimento do sistema de resfriamento dos reatores e compromete os esforços para evitar seu superaquecimento. Além do reator nº 2, o material também foi localizado em canos embaixo dos reatores nº 1 e 3 e há o temor de que ele transborde e termine no mar ou no solo.
A Tokyo Electric Power Company (Tepco) anunciou ontem a redução de 16 toneladas para 7 toneladas na quantidade de água que é injetada a cada hora na usina, em uma tentativa de conter a acumulação de água contaminada. A medida, porém, traz o risco de que a temperatura nos reatores volte a subir perigosamente.
Os responsáveis pela usina enfrentam ainda o desafio de drenar e estocar a água com radiação de maneira segura. Enquanto isto não for feito, é pouco provável que os técnicos consigam religar os cabos que restabelecerão o fornecimento de energia para a usina, o que permitirá a volta do sistema de bombeamento de água para os reatores.
Na quinta-feira, dois funcionários da Tepco foram contaminados ao pisar em uma poça de 15 centímetros de profundidade no reator nº 2. Ontem, a empresa anunciou que a água no local apresentava níveis de radiação 100 mil vezes superior aos padrões normais.
A concentração é suficiente para provocar danos imediatos à saúde. Segundo tabela da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a quantidade de radiação presente na água do reator nº 2 pode provocar hemorragia, náusea, fadiga, vômito, queda de cabelo e diarreia.
Diante da dificuldade para conter a crise, a Tepco pediu ajuda a empresas francesas. O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, apelou aos moradores da área de 20 km ao redor da usina para que não voltem a suas casas, depois de a prefeitura de Fukushima ter informado que muitos estavam retornando ao local.
Os habitantes da região tiveram de deixar suas residências às pressas, sem saber por quanto tempo ficariam fora. Muitos levaram apenas a roupa que usavam. Agora, enfrentam a possibilidade de não poderem jamais voltar a suas casas. Edano disse que o governo monitorará a situação e informará quando os moradores podem retornar ao local por curtos períodos, para pegar roupas e outros pertences.
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Japão encontra plutônio no solo de usina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU