16 Outubro 2012
Depois de chegar a um acordo com os trabalhadores nas duas fábricas paulistas, a Volkswagen anunciou no fim de março a decisão de expandir a capacidade em Taubaté e levar novos modelos para São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Para tanto, a montadora já levantou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 342 milhões para o desenvolvimento de um subcompacto - possivelmente uma versão do Up! - e um novo sedã médio.
A fábrica de Curitiba, onde as negociações com metalúrgicos sempre foram mais difíceis, entrou nos planos de expansão da montadora alemã depois que seus operários fizeram concessões para flexibilizar as relações de trabalho. Pela primeira vez em treze anos de atividade, a Volks conseguiu introduzir na fábrica o sistema de bancos de horas, que dá flexibilidade para a empresa adequar a produção à realidade do mercado.
"Agora, temos certa estabilidade em Curitiba e podemos planejar (os investimentos)", disse ontem Thomas Schmall, após participar de congresso sobre a indústria automobilística promovido na capital paulista pela Autodata.
A reportagem é de Eduardo Laguna e publicada pelo jornal Valor, 16-10-2012.
O executivo informou que a unidade paranaense tem operado abaixo de sua capacidade de produção, mas que, a partir de agora, o grupo passará a avaliar quais são as possibilidades de investimento em Curitiba, onde são empregados atualmente 3,2 mil trabalhadores na linha de produção dos modelos Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf.
Junto com as ferramentas de flexibilização, os operários acertaram com a montadora os reajustes e abonos salariais que serão aplicados até 2014, a começar por um aumento real de 2,5% neste ano. Em 2013, haverá reajuste de 2,8% no salário, repetindo-se esse aumento no ano seguinte.
Com as vendas na contramão da recessão na Europa, o Brasil tem papel central no plano da Volkswagen de se tornar a maior montadora do mundo até 2018.
Mas mercado em ascensão não é tudo e Schmall lembrou, em sua apresentação no congresso, que os custos de produção no Brasil superam os da China em 60%. Dessa forma, o caminho trilhado pela fabricante inclui a busca por competitividade a partir da aplicação de uma nova arquitetura eletrônica nos carros - já empregada nos modelos Gol e Voyage - e maior grau de automação. A meta é melhorar em 30% a produtividade das fábricas até 2017.
Schmall diz que o mercado de carros deverá crescer de 2% a 3% no próximo ano, depois de fechar 2012, segundo estima a montadora, em 3,68 milhões de unidades vendidas.
Mas, como demonstraram os palestrantes do evento de ontem, existe na indústria um consenso de que 2013 será um ano de transição pelo início do novo regime automotivo, aplicação da nova legislação de segurança nos carros, como a obrigando da instalação de freios ABS e airbags em parte da produção, e uma nova realidade sem a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
A direção da francesa Renault prevê um crescimento de 20% do mercado até 2017, mas não se aventura em fazer uma projeção para o ano que vem, em meio a dúvidas sobre como se comportará a demanda com o IPI cheio e riscos de contágio da crise vivida hoje pela Europa.
Não enxergamos bem como será 2013. É um ano difícil para se fazer qualquer projeção", afirmou Olivier Murguet, presidente da montadora francesa no Brasil.
Murguet avaliou que o retorno do mercado brasileiro é cada vez mais questionável, ao citar que o preço do carro vem subindo menos do que a inflação. Para o executivo, o grande desafio da indústria automobilística diante desse cenário será acelerar a redução de custos e melhorar a produtividade das fábricas.
Mesmo assumindo a volta da alíquota cheia do IPI, executivos da Ford e da Fiat adiantaram ontem que projetam uma expansão de 4% a 5% do mercado no próximo ano, na cola de uma evolução parecida com a que está sendo prevista para Produto Interno Bruto (PIB).
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Volkswagen retoma aposta no Paraná - Instituto Humanitas Unisinos - IHU