15 Junho 2012
Secretário do Meio Ambiente (com status de ministro) durante a Eco-92, o físico José Goldemberg já não acredita que a Rio+20 possa ter resultado comparável à conferência realizada 20 anos atrás. A falta de convergência dos países quanto ao documento que está sendo negociado e o anúncio da possível criação de um fundo de US$ 30 bilhões pelo G-77 para financiar o desenvolvimento sustentável nos países mais pobres são alguns dos motivos que o levam ao descrédito - embora a maior participação da sociedade civil, na comparação com 92, o anime.
A reportagem é de Roberta Pennafort e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-06-2012.
"Eu consideraria um sucesso se chegássemos a um enunciado de direções da economia verde, metas e um calendário para cumpri-las. Isso é o sucesso de uma conferência internacional. Esperar o mesmo dessa vez seria uma utopia", disse Goldemberg, que participou ontem do penúltimo dia do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC-Rio.
"O documento é muito difícil de ler, são tantos colchetes (pendências, no jargão diplomático) que há os colchetes dos colchetes. Ao que tudo indica, não conseguirão enxugar o documento."
Quanto à possibilidade de o G-77 criar um fundo para viabilizar ações sustentáveis, ele afirma que é uma "distração" do que realmente interessa. Lembra que em 2009, na conferência de Copenhague, os EUA já haviam anunciado apoio a um fundo verde de US$ 100 bilhões, que entraria em operação em 2013 para ajudar os países mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Goldemberg vê com bons olhos a participação da sociedade civil. Na Eco-92 houve grande envolvimento de ONGs; agora, diz, o empresariado, a indústria estão à frente. "Isso me dá otimismo, pois são eles que vão ter de agir. A Eco-92 era uma cúpula: o Brasil estava numa posição de liderança forte, desenhando providências. Agora, a impressão que dá é que as propostas sairão de baixo para cima."
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'Direção para economia verde seria sucesso' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU