14 Junho 2012
Se a Rio-92 ficou conhecida como a Cúpula da Terra, a Rio+20 pode entrar para a história como a Cúpula dos Mares. Um dos seus principais resultados será o embrião de um tratado de proteção dos oceanos, dizem especialistas.
A proposta envolve a conservação da biodiversidade em áreas fora de jurisdições nacionais. Estima-se que 50% da superfície da Terra esteja em áreas marinhas fora das zonas econômicas exclusivas.
"O alto-mar é um bem coletivo global e todas as nações têm o direito e a responsabilidade de garantir a proteção e a preservação dessas áreas", disse Matthew Gianni, cofundador da ONG High Seas Alliance.
A reportagem e a entrevista é de Cláudio Angelo e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 14-06-2012.
O texto-base da Rio+20, que começou a ser negociado ontem no Riocentro, contém 20 parágrafos sobre oceanos -com acordo em quase metade deles. A proteção do alto-mar é um dos pontos que ainda estão em aberto.
Em entrevista, Gianni, americano casado com uma carioca e radicado na Holanda, falou dos obstáculos à criação desse tratado.
Eis a entrevista.
Por que deveríamos proteger o alto-mar, para começo de conversa?
Os mares profundos, que são a parte do oceano abaixo da borda da plataforma continental são um dos maiores reservatórios de biodiversidade da Terra, e a maior parte está em águas internacionais. Todas as expedições científicas para explorar essas áreas encontram espécies novas. Além disso, espécies, incluindo peixes, cetáceos e tartarugas, migram longas distâncias entre a costa e o alto-mar.
Qual é a maior ameaça a essas regiões do oceano?
A sobrepesca e práticas destrutivas, como a pesca de arrasto em montes marinhos.
O que a Rio+20 pode fazer pelo alto-mar?
Na visão de ONGs e países, o resultado mais importante seria um acordo para um tratado de conservação de áreas marinhas além de jurisdição nacional. O tema é debatido há seis anos, nenhuma decisão foi tomada.
Quem está contra?
Canadá, Rússia, Islândia, Coreia do Sul e EUA.
E o Brasil?
Tem sido progressista nesse tema. Esperamos que o priorize na Rio+20.
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Conferência pode entrar para a história como 'Cúpula dos Mares' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU