13 Fevereiro 2012
Dom Viganò havia denunciado casos de corrupção na Santa Sé.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 05-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Um longo comunicado para explicar que o Governatorato da Cidade do Vaticano é "um instrumento de governo responsável" e não "uma entidade desonesta à mercê de forças obscuras", como fariam pensar as "alegações" contidas nas cartas de Dom Carlo Maria Viganò.
Uma semana depois da nota da Santa Sé – que rejeitava "as acusações muito graves" e ameaçava tomar medidas legais contra o programa Os Intocáveis, apresentado por Gianluigi Nuzzi no canal italiano La7 – as mesmas lideranças velhas e novas do governatorato intervieram.
O texto é assinado pelo cardeal Giovanni Lajolo – presidente emérito, recebido em audiência pelo Papa Bento XVI há três dias –, pelo atual presidente e próximo cardeal Giuseppe Bertello, pelo secretário-geral Giuseppe Sciacca, e pelo ex-vice-secretário Giorgio Corbellini. Uma réplica ao episódio que nasceu com o programa de Nuzzi, que havia revelado o texto de uma carta ao papa escrita no dia 27 de marco de 2011 por Dom Viganò: o então secretário do governatorato pedia para não ser transferido, alegando a sua obra de recuperação "de tantas situações de prevaricação e de corrupção". Em outubro, ele foi nomeado pelo papa como núncio em Washington. Uma outra carta de Viganò ao secretário de Estado, Tarcisio Bertone, foi publicada depois pelo jornal Fatto Quotidiano.
Assim, agora, as lideranças do governatorato expressam uma "grande amargura" pela "publicação abusiva". E, acima de tudo, escrevem que as "alegações" nas duas cartas de Viganó "são fruto de avaliações errôneas, ou se baseiam em temores não justificados por provas, ou, melhor, abertamente contestados pelas principais personalidades invocadas como testemunhas".
No comunicado, além disso, se "reafirma" que "a presidência anterior" buscou "louvavelmente a transparência e o rigor": assim, também se reconhecem os méritos do próprio Viganò, que fazia parte da "presidência". O confronto, é claro, existiu. Mas o comunicado visa sobretudo a defender o bom nome do governatorato: para garantir que a obra de "transparência e rigor" continua "com igual empenho" e continuará na aplicação das "propostas de melhorias" sugeridas "pela sociedade McKinsey" em 2009.
No entanto, rebate-se, os orçamentos são "regularmente submetidos à Prefeitura de Assuntos Econômicos", o Tribunal de Contas vaticano. Quanto à recuperação, os investimentos financeiros sofreram "perdas relevantes" por causa da "grande crise internacional de 2008", que provocou o passivo de mais de 7 milhões de euros em 2009. E o superávit em 2010 – mais de 21 milhões – veio "principalmente" da "gestão dos investimentos financeiros" e dos "excelentes resultados dos Museus Vaticanos".
Assim, são rejeitadas as acusações sobre os contratos: marcados por uma "concorrência regular" ou confiados à equipe vaticana ou a "empresas externas qualificadas, bem conhecidas, com base nos preços praticados na Itália".
Por fim, afirma-se a "plena confiança e estima" aos banqueiros consultores do governatorato. Sobre as denúncias de Viganò, além disso, a Santa Sé ordenou, naquele momento, uma investigação interna. Dentre outras coisas, o governatorato desmente como "totalmente infundado, parecendo risível", o fato de ter havido "escutas telefônicas e ambientais".
A Santa Sé quer restringir a história. E vai adiante. No dia 7 de fevereiro, o padre Federico Lombardi, em um comentário na Rádio do Vaticano, disse: "Nestes anos de debates e de fortes críticas contra a Santa Sé e a Igreja, é absolutamente necessário segurar firme o leme em águas agitadas e se inspirar, a exemplo do Papa, em critérios evangélicos de verdade e de rigor moral".
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O núncio do Vaticano nos EUA e as denúncias de corrupção - Instituto Humanitas Unisinos - IHU