08 Dezembro 2012
A americana Amazon começou ontem a operar no Brasil, após meses de especulações. Mas, diferente da estreia na Europa, no Japão e no Canadá - regiões em que o site começou vendendo produtos de várias categorias -, a unidade brasileira optou apenas pela venda de livros digitais (e-books). Estão disponíveis no acervo brasileiro da companhia 1,4 milhão de e-books em vários idiomas, entre eles 13 mil títulos em português.
A reportagem é de Nayara Fraga e Lílian Cunha e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 06-12-2012.
Além da loja de livros digitais, a Amazon indicou que venderá a versão mais simples do seu leitor digital (e-reader) Kindle por R$ 299. O aparelho custa US$ 69 nos Estados Unidos. Ele pode ser segurado com uma mão só e tem tecnologia "e-ink", que faz a tela ficar parecida com a folha de papel.
Alexandre Szapiro, que comandava a Apple no Brasil e agora é o vice-presidente do Kindle no Brasil, diz que o dispositivo é melhor para a leitura do que tablet. "Quando você deita e vai ler um livro num tablet, o que você faz? Geralmente as pessoas põem um travesseiro ou almofada para o aparelho ficar em pé", disse, ressaltando a facilidade de uso do Kindle, que pesa apenas 170 gramas.
O Kindle que chega ao Brasil, de 6 polegadas, não é sensível ao toque e tem de ser manuseado por botões abaixo da tela e nas laterais, o que parece complicado para os já habituados a passar uma página na tela com os dedos. A empresa tem outros modelos com touchscreen, como o Kindle Touch e o Kindle Paperwhite (com lâmpada embutida para leitura noturna), e também os tablets Kindle Fire. Mas ainda não há previsão para a venda dos aparelhos no País.
A Amazon chega ao Brasil ao lado de concorrentes internacionais de peso. Na mesma hora em que a empresa colocava no ar o site amazon.com.br (à zero hora de quinta-feira), o Google inaugurava as seções de livros e filmes em sua loja de aplicativos no Android, plataforma predominante no mercado de smartphones brasileiro. Além disso, na noite de quarta-feira, a Livraria Cultura deu início às vendas do Kobo, o e-reader da empresa japonesa Rakuten.
"Foi uma coincidência absoluta. Esse não é o tipo de coisa que você planeja em 24 horas", disse o vice-presidente global do Kindle, David Naggar. Analistas do mercado editorial avaliam, no entanto, que há indícios de que a Amazon tenha adiantado o lançamento. Apesar de o preço do Kindle ter sido revelado, o aparelho ainda não pode ser comprado no site e a empresa não diz se ou quando ele estará à venda em lojas físicas.
Para Eduardo Melo, diretor executivo da Simplíssimo, empresa especializada em e-books, o lançamento da Amazon não teve o mesmo impacto que as estreias em outros países. "Foi um lançamento chocho. Parece que, quando foi marcada a data para o Kobo, os outros disseram: amanhã eu vou."
Concorrência
"Esse lançamento, que não é lançamento, na verdade só ajudou a gente", afirmou Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura. A empresa começou a vender o Kobo pela internet no dia 27 de novembro e anteontem nas 17 lojas físicas da rede. "Ficamos surpresos com a demanda e com o fato de termos vendido para todos os Estados, mas não podemos divulgar números", disse. O Kobo custa R$ 399 e tem 30 mil títulos compatíveis. Doze mil estão em português.
O consultor editorial e dono de um site sobre o mercado editorial, Carlo Carrenho, afirma que, nesse novo mercado, a Amazon tende a ser a mais bem-sucedida. "A Amazon não entra para ficar em segundo lugar em nenhum mercado. Ela tem capacidade técnica e tecnológico para ter uma posição predominante."
Além de Kobo, Google e Amazon, o mercados de livros digitais no Brasil recebeu recentemente o iBooks, loja da Apple. Os livros vendidos nesses ambientes costumam ser, em média, 30% mais baratos que os livros físicos. Isso porque as editoras não têm custo com impressão, corte de papel ou armazenamento das obras.
Os e-books da Amazon podem ser comprados no site da empresa ou dentro do aplicativo Kindle, que está presente - agora em português - no Google Play, do Android, e nos aparelhos da Apple. Os livros comprados no Kindle podem ser lidos também em smartphones e tablets Android, iPod Touch, iPhone, PCs, Macs, iPad e tablet com Windows 8.
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Amazon começa a operar no Brasil e esquenta disputa dos livros digitais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU