20 Agosto 2012
Foram nada menos do que 23 as mulheres presentes no Concílio Vaticano II e com um papel longe de ser simbólico. Capazes de determinação, com perspectivas inovadoras e por uma igualdade de gênero na Igreja.
A análise é da historiadora e teóloga Adriana Valerio, professora da Universidade Federico II, de Nápoles. O artigo foi publicado na revista Mosaico di Pace, da seção italiana no movimento internacional Pax Christi, de abril de 2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Terça-feira, 8 de setembro de 1964, na sal a das audiências em Castel Gandolfo, Paulo VI anunciou oficialmente a presença de auditoras no Concílio e, no dia 25 do mesmo mês, entrou na sala a primeira mulher, a francesa Marie-Louise Monnet, fundadora do Movimento Internacional do Apostolado dos Meios Sociais Independentes (Miamsi).
De setembro de 1964 a julho de 1965 foram chamadas 23 auditoras no total: 10 religiosas e 13 leigas, escolhidas em sua maioria segundo critérios de internacionalidade e de representação. As religiosas foram: a norte-americana Mary Luke Tobin (na foto, ao lado de Marie-Louise), presidente da Conferência das Superioras Maiores dos Institutos Femininos dos EUA, a egípcia Marie de la Croix Khouzam, presidente da União das Religiosas do Egito, a libanesa M. Henriette Ghanem, presidente das Superioras Maiores Maronitas, a francesa Sabine de Valon, superiora geral das Religiosas do Sagrado Coração, a irmã alemã Juliana Thomas, secretária geral da União das Superioras da Alemanha, a francesa Suzanne Guillemin, superiora geral das Filhas da Caridade, a espanhola Cristina Estrada, superiora geral das Servas do Sagrado Coração de Jesus, a italiana Constantina Baldinucci, presidente da Federação Italiana das Religiosas Hospitalares, a norte-americana Claudia Feddish, superiora geral da Ordem das Irmãs Basilianas, e a canadense Jerome M. Chimy, superiora geral das Irmãs Servas de Maria Imaculada.
As leigas chamadas foram, além da francesa Marie Louise Monnet: a espanhola Pilar Bellosillo, presidente da União Mundial das Organizações Femininas Católicas, a australiana Rosemary Goldie, secretária executiva da Comissão Permanente dos Congressos Internacionais para o Apostolado dos Leigos, a holandesa Anne-Marie Roeloffzen, secretária geral da Federação Mundial da Juventude Católica Feminina, as italianas e viúvas de guerra Amalia DeMatteis, viúva de Cordero Lanza di Montezemolo, presidente do Patronato da Assistência Espiritual das Forças Armadas, e Ida Marenghi-Marenco, viúva de Grillo, Alda Miceli, presidente do Centro Italiano Feminino, a norte-americana Catherine McCarthy, presidente do Conselho Nacional das Mulheres Católicas, o casal mexicano Luz María Longoria e José Alvarez Icaza Manero, presidentes do Movimento da Família Cristã, a argentina Margherita Moyano Llerena, presidente da Federação Mundial da Juventude Católica Feminina, a uruguaia Gladys Parentelli, presidente do Movimento da Juventude Agrária Católica Feminina, a alemã Gertrud Ehrle, presidente da Federação Alemã das Mulheres Católicas, e, por fim, a baronesa tchecoslovaca Hedwig von Skoda, presidente da Equipe Internacional de Renascimento Cristão.
A essas auditoras devemos acrescentar cerca de 20 mulheres, chamadas de "especialistas" pelas específicas competências e profissionalidade, como a economista Barbara Ward, especialista internacional em questões inerentes à fome no mundo, Patricia Crowley, autoridade sobre as temáticas relativas ao controle de natalidade, Eileen Egan, ativista não violenta e pacifista, consultada sobre as problemáticas concernentes à guerra.
Presença determinada
A participação das auditoras, nas intenções de muitos padres conciliares, deveria revestir um caráter mais simbólico. Na realidade, elas foram tudo, menos simbólicas, participando com determinação e competência nos trabalhos das comissões.
A sua presença, embora circunscrita às duas últimas sessões do Concílio, a terceira (14 de setembro a 21 de novembro de 1964) e a quarta (14 de setembro a 8 de dezembro de 1965), foi particularmente viva e significativa, deixando sinais importantes nos próprios documentos conciliares.
A influência da auditoras se deu sobretudo em dois documentos nos quais elas haviam trabalhado a partir das subcomissões: as constituições Lumen Gentium, que sublinhou a rejeição de qualquer discriminação sexual, e a Gaudium et Spes, em que surgiu a visão unitária do homem e da mulher como "pessoa humana" e a igualdade fundamental dos dois.
Sabemos das intervenções de autoridade de algumas delas (por exemplo, de Goldie, de Bellosillo e de Guillemin) para que a afirmação da dignidade da pessoa humana superasse toda consideração específica sobre o feminino, que não se quis tratar como assunto em si mesmo, em separado, mas sim liberto de qualquer jaula e limitação. O primado da paridade fundamental, conferido pelo batismo às pessoas que creem, confere a todos e, portanto, também às mulheres, o princípio da corresponsabilidade apostólica.[...]
(Cf a notícia do día 20/08/2012 desta página)
Que sentimentos essa notícia provocou em você?
Leia-o e deixe que ele ecoe em você.
Amaldiçoem o difamador e o homem falso,
porque eles arruínam muitos que vivem em paz.
A língua intrometida inquieta muitos,
fazendo-os fugir de nação em nação;
ela destrói cidades fortes e devasta as casas dos poderosos.
A língua intrometida faz com que
mulheres excelentes sejam repudiadas,
privando-as do fruto de seus trabalhos. (Eclo 28, 13-15)
Com confiança faça uma oração com o que sentiu.
Se quiser, pode escrever sua prece e enviá-la, para que outros possam rezar junto pelo site.
Mande sua mensagem pelo formulário abaixo:
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Mulheres no Concílio. Artigo de Adriana Valerio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU