Por: Cesar Sanson | 04 Dezembro 2013
Os estudantes brasileiros ocupam os últimos lugares nos rankings de leitura, matemática e ciências em uma lista de 65 países e territórios, segundo um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta terça-feira.
A reportagem é de Daniela Fernandes e publicada pela BBC Brasil, 03-12-2013.
De acordo com o estudo realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2012, da OCDE, apesar da melhora nos resultados, os estudantes brasileiros na faixa de 15 anos ficaram em 55° lugar em leitura entre os 65 países analisados pelo estudo.
O Brasil totalizou 410 pontos em leitura, resultado semelhante aos registrados pela Colômbia e Tunísia e abaixo da Costa Rica, mas acima da Argentina e do Peru.
A média em leitura dos países que integram a OCDE, na grande maioria economias desenvolvidas, foi de 496 pontos em leitura. A China, que liderou a classificação também em matemática e ciências, obteve 570 pontos em leitura.
A OCDE ressalta que a performance dos estudantes brasileiros em leitura melhorou desde 2000, passando de 396 para os atuais 410 pontos, o que revela uma evolução média anual de 1,2 ponto.
"Dados relativos a mudanças demográficas e sociais entre 2000 e 2012 no Brasil mostram que a melhora no desempenho na leitura pode ser totalmente explicada pela melhoria no status econômico, social e cultural da população estudantil", afirma o estudo.
Competências básicas
Mas o PISA revela um dado alarmante em relação ao nível de leitura dos estudantes brasileiros: quase a metade (49,2%) ficou abaixo do nível de competências básicas (classificado como nível 2 – que representa 407 pontos).
"Isso significa que, na melhor das hipóteses, eles podem identificar o assunto principal ou o objetivo do autor em um texto com assunto familiar e fazer uma simples conexão entre a informação do texto e seus conhecimentos diários", diz o estudo.
Houve, no entanto, um leve progresso, já que esse índice havia sido de 49,6% na pesquisa anterior, divulgada em 2010. Em 2000, a proporção de estudantes brasileiros com nível 2 de leitura havia sido de 55,8%.
Na área de matemática, os alunos brasileiros ficaram em 58° lugar, totalizando 391 pontos. O resultado é comparável ao da Albânia, Jordânia, Tunísia e Argentina. A média obtida em matemática pelos países da OCDE foi de 494 pontos. A China totalizou 613 pontos nessa disciplina.
A OCDE destaca que o Brasil foi o país que registrou a maior taxa de crescimento no total de pontos em matemática nos últimos dez anos. O Brasil passou de 356 pontos nessa disciplina em 2003 para 391 pontos em 2012. A evolução média anual no período foi de 4,1 pontos. Em ciências, os estudantes brasileiros ficaram em 59° lugar, com 405 pontos.
O desempenho nessa disciplina também vem aumentando desde 2006, afirma a OCDE, quando o total de pontos obtidos por estudantes brasileiros havia sido 390. No período, houve uma evolução anual de 2,3 pontos nos resultados.
Quase 20 mil estudantes brasileiros de 837 escolas participaram dos testes do PISA 2012, que avaliou 510 mil alunos em 65 países.
Repetência
A organização destaca ainda no estudo PISA que o nível de repetência ainda é extremamente elevado no Brasil e ocorre em maior número entre os estudantes socialmente desfavorecidos. "No Brasil, mais de um terço dos estudantes (36%) com 15 anos repetiu um ano pelo menos uma vez no ensino primário ou secundário. Muitos repetiram mais de uma vez. Esta é uma das mais altas taxas de repetência entre os países que participam do PISA", diz o relatório.
"O Brasil precisa encontrar meios de trabalhar com a baixa performance dos alunos para motivá-los e criar expectativas para todos e reduzir as taxas de abandono dos estudos", afirma a OCDE.
O Pisa avalia a cada três anos a performance de estudantes em leitura, matemática e ciências, com idade de 15 anos ou mais, matriculados a partir da 7ª série do ensino fundamental.
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Brasil melhora mas ainda é um dos últimos em ranking de educação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU