27 Agosto 2013
O Reino Unido e seus aliados podem intervir militarmente na Síria mesmo sem ter o aval de todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, disse nesta segunda-feira o chanceler britânico, William Hague.
Em entrevista à BBC, Hague afirmou que o Conselho de Segurança, que está dividido sobre como reagir a um suposto ataque com armas químicas ocorrido no país, não "arcou com as suas responsabilidades".
Ele acrescentou, por outro lado, que qualquer ação na Síria "seria tomada de acordo com as leis internacionais".
A informação é publicada pela BBC Brasil, 26-08-2013.
Para Hague, o fim do conflito na Síria poderia ter acontecido "há muito tempo" se houvesse unanimidade do Conselho de Segurança sobre a questão.
Ele indicou que a intervenção poderia ser justificada "pela necessidade humanitária", mesmo sem o apoio dos membros permanentes do Conselho.
O suposto ataque químico de quarta-feira na Síria teria matado mais de 300 pessoas, muitas delas crianças, na periferia da capital do país, Damasco. Rebeldes acusam o governo do presidente Bashar al-Assad de estar por trás da operação.
Hague voltou a culpar o governo sírio pelo suposto ataque, dizendo que, para ele, não há "outra explicação plausível".
Já o presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que as acusações têm "fundo político" e carecem de lógica, uma vez que o regime possui forças operando próximas à área.
Tiros
Nesta segunda-feira, as Nações Unidas confirmaram que um dos carros que levava inspetores de armas químicas da organização para o local onde teria ocorrido o ataque foi alvo de diversos disparos. Ninguém ficou ferido.
Segundo ativistas de oposição, ao chegar ao local, os fiscais da ONU se encontraram com supostas vítimas do ataque químico e médicos que as trataram. Eles também iriam coletar amostras do solo, do sangue e de tecidos das vítimas.
Na sua entrevista ao programa "Today", da BBC Radio 4, Hague disse que, enquanto não conhecer todas as opções ou possuir um cronograma para uma possível intervenção militar na Síria, não "executará ou descartará nada".
"Nós, os Estados Unidos, muitos outros países, incluindo a França, estamos certos de que não podemos permitir a ideia de que no século 21 armas químicas sejam usadas com impunidade", afirmou o chanceler britânico.
Hague ressaltou que as vias diplomáticas para resolver a guerra civil na Síria "fracassaram até agora".
"Nós discutimos no ano passado os ataques químicos de pequena escala que o regime realizou", disse. "Em cada ocasião, nós enviamos mensagens diretas, algumas vezes por meio das Nações Unidas, para que os sírios não fizessem isso."
"Nós já abordamos o caso com os russos e às vezes os sírios ouviram da Rússia e do Irã (aliados históricos do país) que eles não deveriam realizar ataques com armas químicas."
Rússia
O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 membros, sendo cinco permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia e França), e dez temporários.
O órgão, cujo objetivo é zelar pela manutenção da paz mundial, é o único que pode adotar resoluções contra os países-membros das Nações Unidas.
Entretanto, um veto de um membro permanente impede que uma resolução seja aprovada.
A Rússia, juntamente com a China, têm resistido a autorizar uma intervenção militar na Síria.
Em declarações também nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que lançar uma intervenção militar na Síria sem o apoio da ONU representaria uma grave violação das leis internacionais.
Lavrov disse que o suposto ataque químico foi provavelmente obra dos próprios rebeldes que querem desestabilizar uam negociação de paz no país.
"Se alguém pensa que bombardear e destruir a infraestrutura militar síria, deixando o campo de batalha livre para a vitória dos oponentes do regime, vai resolver alguma coisa, está vivendo uma ilusão", disse Lavrov.
O chanceler francês, Laurent Fabius, avalia que lançar uma ação militar na Síria sem o respaldo da ONU seria "muito difícil", mas disse que Rússia e China estão impedindo que o Conselho de Segurança tome qualquer decisão.
No último fim de semana, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, telefonou a outros líderes, incluindo o presidente dos EUA, Barack Obama, para conversar sobre o tema.
Ao fim das conversas, eles concordaram sobre a necessidade de tomar uma "ação forte" na Síria.
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Chanceler britânico vê possível ação militar na Síria sem aval da ONU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU