27 Agosto 2013
É um silêncio que gera medo e preocupação na comunidade cristã e na sociedade síria: referimo-nos ao destino do padre jesuíta Paolo Dall'Oglio, desaparecido há quase um mês em Raqqa. Segundo a informação da agência Fides, em Raqqa, os jovens do Free Youth Committee, vinculados à oposição síria, continuam a busca em uma situação muito tensa.
A reportagem é publicada pela Agência Fides, 26-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O jesuíta se dirigiu no fim de julho à fronteira de Tell Abiad, atravessando-a com a ajuda de combatentes curdos. Seu objetivo, de acordo com fontes locais, era tentar amenizar os contrastes entre os combatentes curdos e os árabes, e reconstruir uma certa unidade dentro da oposição síria. Uma missão muito delicada e, segundo alguns, muito difícil.
A tomada de Raqqa pelas forças de oposição ao regime, que ocorreu em março de 2013, havia sido alcançada graças a um xeique local, Mouhammad Faycal Al-Houeidi, líder da tribo Avadilat, uma grande tribo árabe presente em Raqqa com fortes laços com o Reino Saudita.
O xeique era membro do Parlamento, que, ao se opor contra o governo, conseguiu fazer de Raqqa "a primeira cidade independente da revolução síria". No entanto, a tomada da cidade pelo Exército Sírio de Libertação (Free Sirian Army, FSA) foi realizada graças à contribuição do grupo Jabhat al-Nusra, mais tarde rebatizado de Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Islamic State of Iraq and Al-Sham).
Além disso, uma facção desse grupo se separou do ramo principal. O padre Paolo chegou à cidade em uma situação muito complicada, em que havia ao menos três forças em conflito aberto entre si. Tentando, segundo afirmam os jovens, estabelecer uma linha de comunicação com a milícia islamita.
Entre 29 de julho e 5 de agosto, dia do seu desaparecimento, em Raqqa, ocorreram violentos confrontos com mortos e feridos entre os guerrilheiros do FSA e os membros de grupos islamitas, sinal das fortes tensões existentes entre as facções antirregime.
Por um lado, a frente do Estado Islâmico do Iraque e da Síria havia aceitado falar com o padre Paolo. Mas a ideia de fundo, a de estabelecer um Estado islâmico, continua sendo motivo de divisão entre os islamitas e o FSA. Na última vez que foi visto oficialmente, o padre Paolo estava participando de um banquete com o xeique da tribo Avadilat, Mouhammad Faycal Al-Houeidi, justamente para falar desses temas e tentar instaurar uma negociação.
Nos dias anteriores, no entanto, o jesuíta tinha participado de uma manifestação da juventude do FSA, na qual elogiou a revolução e os seus ideais. Por isso, poderia ter caído na mira das próprias facções islamitas (porque poderia ser visto como "um aliado do FSA") ou de alguma bala perdida.
Segundo alguns, parece que ele foi levado para um lugar chamado Akarsheh, a 20 quilômetros de Raqqa. "Sabemos com certeza que o padre Paolo está em grave perigo", dizem os jovens de Raqqa.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
''Sabemos com certeza que o padre Paolo está em grave perigo'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU