13 Julho 2013
As pesquisas sociais são unívocas: cada vez menos jovens vão à paróquia ou se declaram católicos. Às vésperas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do Rio de Janeiro, um fórum da redação da revista Jesus, com quatro especialistas, apresenta o quadro da situação sobre essa distância crescente entre a Igreja e a geração dos "nativos digitais".
A reportagem é da revista Jesus, n. 7, de julho de 2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Para apresentar o quadro sobre esse dilema e sobre o tema mais amplo do "planeta jovens", a revista Jesus organizou um fórum editorial do qual participaram quatro convidados especiais: o padre Armando Matteo, teólogo e autor do livro La prima generazione incredula; Chiara Giaccardi, socióloga da Universidade Católica de Milão e especialista em mídias digitais; o padre Renato Rosso, religioso carmelita com uma longa experiência pastoral em paróquias e à frente de uma escola católica na Terra Santa; e Luciano Manicardi, monge de Bose, que se ocupa na comunidade particularmente com a formação dos jovens. Nas páginas que se seguem, a síntese do animado debate que surgiu do encontro.
Publicamos aqui a quinta parte do debate. Confira também as partes anteriores em "Para ler mais".
Eis o debate.
O desafio para a Igreja e para o cristianismo em geral não é apenas burocrático-institucional e nem meramente intelectual. O padre Timothy Radcliffe escreve: "O cristianismo no Ocidente só poderá florescer se conseguirmos envolver a imaginação dos nossos contemporâneos". Parece-me que, por muitas décadas, o cristianismo no Ocidente deixou de construir o imaginário e de exaltar a imaginação dos seus próprios contemporâneos. O que vocês pensam?
Armando Matteo – É uma questão essencial. Para a Igreja italiana, significa deixar de pôr no centro a si mesma, os seus problemas, os seus financiamentos, as suas ligações, às vezes não totalmente claras, com a política. E recomeçar do nosso grande tesouro que é a Sagrada Escritura.
O que mais pode tocar o imaginário dos nossos contemporâneos do que Jesus de Nazaré? Um homem infinitamente apaixonado por Deus e infinitamente apaixonado pela vida, pelos homens e pelas mulheres que ele encontrou? No entanto, os dados à nossa disposição sobre o conhecimento da Bíblia são alarmantes! A nossa catequese não valoriza profundamente o discurso bíblico. Um crente comum entra em contato com a Bíblia, na média das paróquias italianas, pouco mais do que 10 minutos por semana, aos domingos! Mesmo no tecido dos dias úteis, eu ousaria mais: por que só a missa?
Todos os mosteiros que frequentamos têm familiaridade com a Sagrada Escritura e também por isso estão cheios de jovens. A Bíblia tem todos os códigos do mundo, é aberta e sempre investe o leitor. Há um ditado brasileiro que diz: "Se você quiser construir um navio, ensine os homens a se apaixonar pelo mar". Eu penso que hoje nós devemos ser capazes de nos apaixonarmos por uma Igreja da festa, por uma Igreja que fale de Jesus Cristo, com menos medo, que depois nos bloqueiam também ao fazer algumas reformas que são realmente essenciais.
Renato Rosso – Eu penso que a imaginação é muito importante e, como em todas as coisas, é preciso encontrar as mediações certas. É preciso insistir na formação bíblica. Mesmo nas nossas homilias é preciso dar mais importância à explicação das leituras e somente depois fazer emergir a mensagem ética e comportamental.
Chiara Giaccardi – Uma palavra fundamental é gostar. Nós desenvolvemos uma ideia intelectualista do saber que passa através do cérebro, enquanto sapio significa "ter sabor" em primeiro lugar. Para que as coisas permaneçam na mente – eu vejo isso com os meus estudantes – devemos sempre começar com o que eles sabem, com o que para eles tem sabor, e depois fazer a passagem para um nível diferente, mais conceitual, que naquele momento eles são capazes de assumir.
Nem sempre é fácil saber fazer com que eles gostem. Nós também somos postos em jogo, a nossa capacidade de saber gostar, de nossa parte. Não basta dizer: essa é a verdade e você tem que aceitar. Também não é suficiente simplesmente redistribuir aquilo que recebemos. Eu posso simplesmente "saciar" a minha família, ou tentar preparar algo que seja nutritivo, bonito de se ver e bom para comer. Isso requer atenção, imaginação, é cansativo, é cansativo, é comprometedor. Mas também é o que distingue o ser humano de todas as outras espécies vivas.
Nós não podemos nos contentar com a função. É preciso mudar de postura existencial, mesmo dentro da Igreja. Parece-me bonita a definição do jesuíta François Varillon, para o qual a Igreja é "o abraço de Deus ao mundo". E me parece que o Papa Francisco está fazendo com que sintamos esse abraço, em toda a sua força e também na sua ternura.
Luciano Manicardi – Eu penso que a faculdade humana da imaginação levanta desconfiança. Para Pascal, ela é "mestra de erros e de falsidades". Muitas vezes ela é denegrida como fantasia e fonte de evasão da realidade. Ela é negligenciada porque o modelo dominante é o do domínio racional, consciente, ordenado, do pensamento e da ação. Ela é desprezada por ser pouco científica, mas acima de tudo ela é temida por ser subversiva, sendo não controlável, não medível, não redutível aos parâmetros com os quais acontece a domesticação e a homologação do pensar, do saber e também do crer.
A imaginação é temida porque dá voz ao desejo. Pouco controlável, ela é olhada com suspeita também no espaço eclesial. A imaginação, que é a energia mental que permite a emergência do novo, que dá forma interior a um possível e que torna presente interiormente um ausente, ou, melhor, algo que ainda não existe, é dimensão essencial no exercício da liberdade e da criatividade. E é momento fundamental na personalização da fé por parte de um jovem.
Dar voz à imaginação equivale a dar permissão ao jovem de esperar fazendo emergir a sua subjetividade. Com efeito, aí se revela, por parte daqueles que na Igreja têm responsabilidade educativa com relação à fé, a má recepção da lição bíblica. A Bíblia imagina a verdade, bem mais do que a expressa em fórmulas abstratas: o Deus que cria é também o Deus que imagina, que diz o que ainda não existe. O poder das páginas de Isaías, de Ezequiel, de Jeremias se deve em grande parte àquela dimensão que o exegeta Walter Brueggemann chamou de "imaginação profética". Jesus anuncia o Reino de Deus com parábolas que unem narração e imaginação.
Mas aqui também se revela a desconfiança nas potencialidades interiores e na subjetividade juvenil, que encontra justamente na criatividade e na imaginação uma expressão decisiva. Para ficar fascinado pela fé, um jovem deve sentir que ela diz respeito a toda a sua humanidade, a todas as suas capacidades expressivas, ao seu corpo e à sua mente, à sua racionalidade e à sua emotividade.
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Jovens, o futuro da Igreja em fuga – Parte 5 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU