23 Mai 2013
Na semana passada, os dirigentes chineses deram grandes sinais para as Igrejas cristãs. No dia 10 de maio, o presidente, Xi Jinping, se encontrou com Kirill, o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias. No dia 12, Josef Clemens, amigo e colaborador de Ratzinger, ministrou a crisma em Pequim, na igreja de São José, reconhecida pelo governo. Há dez dias, estava em exibição antes em Xangai e depois na Universidade de Beida a "Bíblia de Marco Polo": um manuscrito que chegou ao Oriente no século XIII, tendo voltado para a Europa no fim do século XVII, e que agora – depois de uma complexa operação científica apoiado pela Região da Toscana, pelo governo italiano, pela Arcus e pela Fundação para as Ciências Religiosas João XXIII – encontrava a China de hoje.
O comentário é Alberto Melloni, historiador da Igreja, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha. O artigo foi publicado no jornal Corriere della Sera, 22-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eventos significativos que documentam a (secular) relação de amor e de incompreensão entre o cristianismo e o País do Meio. Uma relação para a qual a Igreja Católica, pela boca do cardeal Filoni, pediu uma reviravolta, com um diálogo direto de alto nível.
Esse momento de início da nova dirigência chinesa é propício para a ortodoxia, mas poderia se tornar também para a Igreja Católica. Assim como Moscou jogou a carta de Vladimir Putin, Roma tinha o seu trunfo em Romano Prodi: desperdiçou-o agora cedendo a vetos clericais na Itália, contentando-se com moscas tontas que giram a China falando – sabe-se lá a que título – como se fossem mensageiros papais.
A eleição de Francisco e este maio florido abrem uma fresta nova. Nos seminários de Pequim, de fato, estudantes e funcionários escutam com orgulho quem conta que um dos candidatos importantes do pré-conclave era Luis Antonio Tagle, de mãe chinesa. E estou convencido de que o papa jesuíta é amigo da China ex opere operato, por ser coirmão daquele Matteo Ricci, do qual Bergoglio poderia celebrar a beatificação, com um ato carregado de consequências com relação às astúcias e às prudências que fizeram perder tempo.
Porque (a história da Bíblia de Marco Polo o ensina) não há um tempo infinito para resolver os problemas desta que é a questão do amanhã cristão. Roma e Pequim sabem que uma parte desse tempo foi consumido. Naquele que resta é preciso fazer as coisas a sério.
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E se Matteo Ricci fosse beatificado? O papa jesuíta e a primavera chinesa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU