Por: André | 11 Mai 2013
O Papa copta Tawadros II convidou o Papa Francisco para visitar o Egito. “Espero ter logo a honra de acolher sua Santidade no meu amado país”, disse o guia espiritual da maior Igreja cristã do Oriente Médio durante a audiência que aconteceu na manhã desta sexta-feira no Vaticano. João Paulo II visitou o Egito em 2000, durante sua peregrinação jubilar pelos Lugares da Salvação. Mas, depois dos eventos da “primavera árabe”, a viagem de Francisco adquiriria um significado muito particular.
Fonte: http://goo.gl/gt6to |
A reportagem é de Giorgio Bernardelli e publicada no sítio Vatican Insider, 10-05-2013. A tradução é do Cepat.
A visita, caso acontecer, marcaria um momento de enorme conteúdo simbólico, desse, como o próprio Bergoglio o definiu no discurso que dirigiu a Tawadros II, “ecumenismo do sofrimento” que os cristãos viveram durante os últimos anos no Egito. “Assim como o sangue dos mártires foi semente de força e fertilidade para a Igreja – disse Francisco –, compartilhar os sofrimentos cotidianos pode converter-se em um instrumento eficaz de unidade”.
Mas o Papa acrescentou um matiz muito importante: deve ser compartilhado “no marco mais amplo da sociedade e das relações entre cristãos e não cristãos: do sofrimento comum podem germinar, com a ajuda de Deus, o perdão e a reconciliação”.
Foi a única alusão indireta que Francisco fez à situação política atual do país. O discurso, como se havia anunciado, concentrou-se, sobretudo, nas questões ecumênicas. O encontro foi na Biblioteca do Palácio Apostólico, e ao final Tawadros II e Francisco rezaram juntos. Recordando a declaração que subscreveram Shenouda III e Paulo VI há exatamente 40 anos, Francisco disse que estava muito feliz por poder “confirmar hoje o que nossos ilustres predecessores solenemente declararam; estamos felizes por nos reconhecermos unidos pelo único Batismo, de que é expressão especial a nossa oração comum, que deseja o dia em que, cumprindo-se o desejo do Senhor, poderemos comungar o único cálice”.
Bergoglio também louvou a iniciativa da criação do Conselho das Igrejas do Egito, fortemente impulsionada por Tawadros II: “Saiba – disse o Papa ao Patriarca copta – que seu esforço a favor da comunhão entre os crentes em Cristo, assim como seu atento interesse pelo futuro da sociedade egípcia, encontram um eco profundo no coração do sucessor de Pedro e em toda a comunidade católica”.
Com o desejo de que o dia 10 de maio seja o primeiro de uma longa série de encontros de amor fraterno entre a Igreja católica e a copta ortodoxa, Tawadros II propôs que nesta data se celebre anualmente a festa do amor fraterno entre ambas as Igrejas.
Tanto Francisco como Tawadros II disseram estar de acordo para evitar incompreensões com o mundo islâmico egípcio e, em particular, com a Universidade de Al-Azhar, o centro teológico sunita do Cairo. É preciso recordar que a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou imediatamente uma versão em árabe do discurso do Papa Francisco. Mas, além deste aspecto, as palavras de Bergoglio sobre o sofrimento que suportaram inclusive os não cristãos no Egito se relacionam completamente com a constante postura tida por Tawadros II nestes meses de não exaltar mais os ânimos e não provocar mais tensões entre as religiões que convivem no país.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Tawadros II a Francisco: “Santidade, o esperamos no Egito” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU