Por: Cesar Sanson | 04 Fevereiro 2013
Osnir Sanches, condenado em 2012 por participação no assassinato do agricultor sem terra Sebastião Camargo, aponta o atual presidente da Comissão Fundiária da FAEP, Tarcisio Barbosa de Souza, como articulador de milícias no Paraná.
A reportagem é do sítio Terra de Direito, 01-02-2013.
Passados 15 anos, o processo que apura os culpados pelo assassinato do trabalhador sem terra Sebastião Camargo, no Noroeste do Paraná, deve receber mais um acusado. Trata-se de Tarcisio Barbosa de Souza, presidente da Comissão Fundiária da Federação de Agricultura do Estado do Paraná – FAEP, ex-tesoureiro da União Democrática Ruralista – UDR e também ex-vereador em Paranavaí pelo partido Democratas (DEM).
Uma das denúncias partiu do réu Osnir Sanches, em novembro de 2012, durante interrogatório no júri em que foi condenado a 14 anos de prisão por participação no crime. Sanches apontou o envolvimento do integrante da FAEP como articulador da milícia que executou o despejo ilegal em que Camargo foi morto, em 1998.
Segundo o réu, que tinha uma “empresa” ilegal de segurança particular e detetives privados, Souza se apresentou como representante da União Democrática Ruralista (UDR) no contato feita antes do despejo. “Eu fui procurado por Tarcísio Barbosa e convidaram mais seis a oito pessoas para ir até a Fazenda Santo Ângelo. Aí ele disse para mim que era para fazer uma passeata seguida da desocupação do pessoal que estava lá”, revela no depoimento. A desocupação ilegal realizada por uma milícia fortemente armada deixou 17 trabalhadores sem terra feridos e assassinou Sebastião Camargo, de 65 anos.
Osnir Sanches afirmou em outros depoimentos que Souza atuou, junto com o advogado Ricardo Baggio, para fraudar provas do processo. Segundo Osnir, Ricardo Baggio, a pedido de Souza, teria fraudado um depoimento à polícia em que Osnir negava a participação no homicídio.
Outras provas do processo registram que Souza foi citado por diversas testemunhas durante a investigação sobre o caso Sebastião Camargo. Há acusações em denúncias e depoimentos de que o integrante da FAEP participou ativamente na organização da milícia armada. Além de Osnir Sanches, a testemunha Eduardo Mady Barbosa, delegado que apurou o caso, e o réu Augusto Barbosa da Costa, dentre outros, apontaram o envolvimento de Souza no assassinato do sem terra.
Reginaldo Nascimento Batista, outra testemunha do processo, declarou ainda que as armas usadas pela milícia desciam ilegalmente de avião no aeroporto de Loanda e que Souza era a pessoa responsável por recebê-las. Declarou que Souza recebia os armamentos ilegais e distribuía, em seu carro pessoal, para Querência do Norte, Nova Londrina, e Loanda.
Impunidade
Apesar das várias provas que apontam para a participação ativa de Tarcisio Barbosa de Souza no Homicídio, nunca foi instaurado processo criminal contra ele. Em 2011 diversas organizações enviaram representação criminal ao Promotor de Justiça de Nova Londrina, Michel Eduardo Stechinski, pedindo a instauração de ação penal. Contudo, até o momento o promotor não se manifestou sobre o pedido.
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Diretor da FAEP é acusado de envolvimento em caso de homicídio no Paraná - Instituto Humanitas Unisinos - IHU