Por: Jonas | 04 Fevereiro 2013
O “conclave” dos bispos da antiga Igreja oriental elegeu o arcebispo de Kirkuk. Uma decisão pastoral e de equilíbrio, numa região em que os cristãos vivem muitas dificuldades.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 01-02-2013. A tradução é do Cepat.
O “conclave” caldeu, ocorrido em Roma, elegeu o arcebispo de Kirkuk, Louis Sako (foto), como novo patriarca da Igreja caldeia. Ele assume o nome de Louis Raphaël I Sako. A notícia foi antecipada pelo sítio Ankawa.com, página oficial do Patriarcado da Babilônia dos Caldeus. A nomeação foi agora oficializada pelo Papa, que confirma a comunhão com o vencedor do “conclave”, do qual participaram 15 bispos.
O novo líder da Igreja caldeia tem 63 anos, nasceu numa aldeia próxima da cidade iraquiana de Zakho, em julho de 1949. Estudou no seminário dominicano de Mosul. Foi ordenado sacerdote em junho de 1974 e obteve o doutorado em Estudos Cristãos Orientais, em Roma. Depois de ser reitor do Seminário Maior de Bagdá, em 2003, foi nomeado arcebispo de Kirkuk. Sako é muito apreciado por Bento XVI. O Papa, em 2010, acolheu sua proposta de convocar um Sínodo para o Oriente Médio.
A nomeação do novo Patriarca é significativa para o futuro da Igreja iraquiana. Os bispos escolheram uma figura pastoral e equilibrada, que não se concentra apenas na identidade ritual caldeia. Sako nunca teve nostalgia pelos tempos de Saddam Hussein, mas também não pode ser considerado filo-estadunidense. Além disso, foi bispo numas das regiões mais difíceis do país, na fronteira com o Curdistão. Há alguns dias, foi o próprio dom Sako quem lançou, através da Agência Fides, um convite para ajudar os cristãos do Oriente Médio, cuja situação é “preocupante”, da mesma forma que “alguns discursos sobre a Primavera Árabe, que se ouve da boca de alguns dirigentes”. Sako espera que haja uma iniciativa da Santa Sé e da Igreja universal para mobilizar a comunidade internacional em apoio aos cristãos.
Sako sustenta que “a mistura de etnias, religiões e línguas”, que existe em todo o Oriente Médio, implica fatalmente em tensões e conflitos, dado que na região “nunca se afirmou um critério de cidadania capaz de integrar todos, sem importar sua etnia ou religião”. Segundo o novo patriarca, os processos de desagregação que afetam seu país, e que num futuro poderiam afetar também a Síria, “pioraram a situação”, porque nos novos vazios de poder institucional, a segurança já não é garantida e são abertos espaços para que os grupos criminosos e extremistas atuem.
“Perguntamo-nos se ainda é possível pensar numa convivência harmoniosa e digna deste nome”, escreveu Sako ao se referir às discriminações que sofrem os que não seguem o que ele define como “religião de Estado”. Uma condição que, segundo o novo patriarca caldeu, piora em razão das estratégias colocadas em curso por diferentes atores geopolíticos no Oriente Médio: “A comunidade internacional”, acrescentou, fazendo uma clara referência ao conflito sírio, “acredita que pode melhorar a situação apoiando um incerto programa para chegar à democracia mediante as armas. O resultado é o enfrentamento entre uma oposição armada e um regime que destrói tudo”.
O novo patriarca da Igreja caldeia, eleito com mais de um terço dos votos necessários, escolheu como lema patriarcal as três palavras (“autenticidade, unidade, renovação”) que representam as linhas guia de seu novo serviço. “Acredito que fui chamado para uma difícil responsabilidade no país e, inclusive, fora do país, mas com a ajuda de Cristo e a colaboração entre os bispos, saberemos viver numa unidade que nos permitirá reconstruir a Igreja caldeia. Uma casa que estará sempre aberta às demais Igrejas – a partir de nossos irmãos assírios – e a nossos compatriotas muçulmanos”.
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Sako é o novo patriarca caldeu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU