01 Fevereiro 2013
Eu me reencontro na tradição da Civiltà Cattolica até porque a informação não corre somente no papel impresso ou na TV ou via rádio, corre também em rede. É impensável uma profissão jornalística que não tenha uma atenta consideração do que se move na rede.
A afirmação é do jesuíta italiano Antonio Spadaro, diretor da revista La Civiltà Cattolica, a mais antiga revista italiana em circulação. A reportagem é de Alessandro Porcheddu, publicada no sítio Chorus, 27-01-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis um trecho da entrevista.
Padre Spadaro, desde outubro de 2011, o senhor é o diretor da Civiltà Cattolica, a mais antiga de todas as revistas italianas ainda ativas: quais são as características da renomada revista bissemanal que o senhor dirige?
Desde o primeiro número, publicado no dia 6 de abril de 1850, por vontade dos pontífices, só os jesuítas podem escrever na revista. Não há um diretor que dirige como em outros jornais, mas existe um colégio de escritores que têm uma coerência de visão do trabalho e uma redação de pessoas que assumem a própria responsabilidade solidamente.
Outra peculiaridade é a relação particular da revista com a Santa Sé: antes de ser impressa, os artigos são submetidos à sua autorização?
Existe uma relação particular com a Secretaria de Estado, de sintonia e de colaboração. Existe uma não contradição com a Secretaria de Estado que nos dá a autoridade sobre os vários temas que tratamos.
Portanto, nenhuma ingerência vaticana nos textos da Civiltà Cattolica?
É a visão da relação com a Secretaria de Estado que não é tão estreita como se quer acreditar. Os textos são revistos e, depois, o diretor discute com as pessoas da Secretaria de Estado. O importante para nós e para os leitores é ter a garantia de que o que nós escrevemos não está em contradição, mas sim em sintonia com o pensamento da Secretaria de Estado.
É uma revista de nicho?
Não, eu diria realmente que não! Seja pelo número de assinantes, que são mais de 10 mil, seja pelo posicionamento que, desde a fundação, é o de tratar assuntos de atualidade e ter redatores especialistas nos vários campos que utilizam linguagens planas, muito compreensíveis e acessíveis até mesmo para leitores com cultura média. Ela se ocupa do mundo em todos os seus aspectos: da literatura à economia, passando pelo cinema, escrevemos sobre a política italiana e internacional, a vida da Igreja.
(…)
O senhor é definido como um ciberteólogo que dirige a revista mais antiga publicada na Itália. Parece uma contradição.
Não é contradição. Eu me sinto em continuidade com a linha da revista, porque, quando ela foi fundada em 1850, havia uma grande descontinuidade com o panorama editorial da época por vários motivos. Era uma revista católica de formação não em latim, que usava a linguagem das pessoas, o italiano. Podemos dizer que o tom era muito semelhante ao das revistas anarquistas. O uso desse meio jornalístico era considerado incomum para uma instituição católica. Em nível de distribuição, a revista nasceu antes da unificação da Itália, porém tinha uma difusão que hoje chamaríamos de nacional, mas, para a época, internacional. Eu me reencontro nessa tradição até porque a informação não corre somente no papel impresso ou na TV ou via rádio, corre também em rede. É impensável uma profissão jornalística que não tenha uma atenta consideração do que se move na rede.
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O ciberteólogo que sabe conjugar a tradição com a modernidade. Entrevista com Antonio Spadaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU