O apelo de Francisco: negociação entre EUA e Cuba passou pelo Vaticano

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Por: Cesar Sanson | 18 Dezembro 2014

As negociações entre os Estados Unidos e Cuba passaram por Canadá e Vaticano, revelou o New York Times nesta quarta-feira, com o Papa Francisco assumindo um papel essencial.

A reportagem é publicada pelo portal do jornal O Globo, 18-12-2014.

De acordo com o diário, o Papa encorajou reuniões secretas entre Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, que deu fim a décadas de hostilidades e reabriu as relações diplomáticas. Após 18 meses de encontros sediadas no Canadá e encorajados por Francisco, o pontífice foi o anfitrião do último encontro. O acordo final foi selado com um telefonema entre os presidentes.

Ao anunciar as novas relações diplomáticas, Obama agradeceu ao Papa por seu papel no processo, e por “seu exemplo moral, mostrando ao mundo como ele deveria ser, em vez de simplesmente se conformar com o mundo como é”.

Cuba e o Vaticano estabeleceram relações diplomáticas em 1996, e essa aproximação foi encarada por muitos como uma tentativa de amenizar as restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos. O Papa João Paulo II foi o primeiro a visitar a ilha caribenha, em 1998.

Em 2012, seu sucessor, Bento XVI, também visitou Cuba, onde foi recebido por Raúl Castro e celebrou uma missa ao ar livre para mais de 200 mil pessoas. Bento XVI afirmou que o regime marxista do governo cubano “já não correspondia mais à realidade”, mas também criticou o embargo americano.

O secretário americano de Estado, John Kerry, visitou o Vaticano em três ocasiões: em janeiro, março e há poucos dias, quando se encontrou com o arcebispo Pietro Parolin, chefe das Relações Exteriores da Santa Sé. No encontro, o Vaticano teria reiterado o pedido para que os Estados Unidos fechem o centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, que abriga suspeitos de terrorismo.

"Sua Santidade quer parabenizar a decisão histórica tomada pelos governos dos Estados Unidos e de Cuba para estabelecer relações diplomáticas, com o objetivo de superar, no interesse de cidadãos de ambos os países, as dificuldades que marcaram sua História recente", informou o Vaticano em comunicado.

O documento confirmou a participação do Vaticano "na facilitação do diálogo construtivo sobre assuntos delicados, resultando em soluções aceitáveis para ambas as partes", e afirmou que o Papa enviou cartas a Castro e Obama, "convidando-os a resolver questões humanitárias de interesse comum, incluindo a situação de certos prisioneiros, para iniciar uma nova fase nas relações entre os dois países".

O comunicado do Vaticano disse ainda que "A Santa Sé continuará a garantir o apoio a iniciativas que ambos os países adotem para fortalecer suas relações bilaterais e promover o bem-estar de seus respectivos cidadãos".