12 Novembro 2014
Na tarde de segunda-feira se deu a conhecer a Mensagem do Papa Francisco à LXVII Assembléia Geral da Conferência Episcopal Italiana, que é levada a cabo na cidade de Assis de 10 a 13 de novembro, e que discute, entre outros temas, a formação dos presbíteros. O Bispo de Roma recorda aos prelados italianos que, entre as principais responsabilidades que o ministério episcopal lhes confia, se encontra a de confirmar, sustentar e consolidar seus primeiros colaboradores, através dos quais a maternidade da Igreja alcança integralmente o povo de Deus.
A informação é divulgada pela Rádio Vaticano, 11-11-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
“Somente quem tem fixo o olhar naquilo que é verdadeiramente essencial pode renovar o próprio sim ao dom recebido e, nas diversas estações da vida, não deixar de fazer dom de si mesmo, somente quem se deixa conformar ao Bom Pastor encontra unidade, paz e força na obediência do serviço; somente quem respira no horizonte da fraternidade presbiteral sai da falsificação de uma consciência que se pretende epicentro de tudo, única medida do próprio sentir e das próprias ações”.
“Não servem sacerdotes clericais, cujo comportamento corre o risco de afastar o povo do Senhor, nem sacerdotes funcionários que, enquanto desenvolvem uma função, buscam longe Dele a própria consolação”, adverte também o Papa.
Eis a integra da mensagem.
Queridos Irmãos no episcopado,
Com estas linhas desejo expressar minha proximidade a cada um de vocês e às Igrejas em meio às quais o Espírito de Deus vos colocou como Pastores. Este mesmo Espírito pode animar com sua sabedoria criativa a Assembléia Geral que estão iniciando, dedicada especialmente à vida e à formação permanente dos presbíteros.
Com este motivo, sua convergência em Assis faz imediatamente pensar no grande amor e na veneração que são Francisco nutria pela Santa Madre Igreja Hierárquica, e, em particular, precisamente pelos sacerdotes, incluídos aqueles por ele reconhecidos como “pauperculos huius saeculi” (do Testamento).
Entre as principais responsabilidades que o ministério episcopal lhes confia se encontra aquela de confirmar, sustentar e consolidar a estes seus primeiros colaboradores, através dos quais a maternidade da Igreja alcança o inteiro povo de Deus. Quantos temos conhecido! Quantos com seu testemunho tem contribuído a atrair-nos a uma vida de consagração! De quantos deles temos aprendido e temos sido plasmados!
Cada um de nós conserva seus nomes e seus rostos na memória reconhecida do coração.
Nós vos temos visto gastar a vida entre o povo de nossas paróquias, educar os jovens, acompanhar as famílias, visitar os enfermos em casa e no hospital, incumbir-se dos pobres, na certeza de que “separar-se para não sujar-se com os outros é a sujeira maior” (L. Tolstoi). Livres das coisas e de si mesmos, nos recordam a todos que abaixar-se sem conservar nada é o caminho para aquela altura que o Evangelho chama caridade, e que a verdadeira alegria se saboreia na fraternidade vivida.
Os sacerdotes santos são pecadores perdoados e instrumentos de perdão. Sua existência fala da língua da paciência e da perseverança; não permaneceram como turistas do espírito, eternamente indecisos e insatisfeitos, porque sabem que estão com nas mãos de Alguém que não falta às promessas e cuja Providência faz com que nada possa jamais separá-los de tal pertença. Esta certeza cresce com a caridade pastoral com que rodeiam de atenção e de ternura as pessoas a eles confiadas, até conhecê-las uma por uma.
Sim, ainda é tempo de presbíteros desta espessura, “pontes” para o encontro entre Deus e o mundo, sentinelas capazes de deixar intuir uma riqueza que de outra forma se perde.
Sacerdotes assim não se improvisam: forja-os o precioso trabalho formativo do Seminário e a Ordenação os consagra para sempre homens de Deus e sacerdotes de seu povo. Mas, pode ocorrer que o tempo entibie a generosa dedicação dos inícios e, então, é vão pôr novos remendos sobre um vestido velho: a identidade do presbítero, precisamente porque vem do alto, exige dele um caminho cotidiano de recuperação, a partir daquilo que o tornou um ministro de Jesus Cristo.
A formação de que falamos é uma experiência de discipulado permanente, que acerca a Cristo e permite conformar-se cada vez mais a Ele. Por isso não tem um termo, porque os sacerdotes jamais deixam de serem discípulos de Jesus, de segui-lo. Portanto, a formação como discipulado acompanha toda a vida do ministro ordenado concerne integralmente à sua pessoa e ao seu ministério. A formação inicial e aquela permanente são dois momentos de uma só realidade: o caminho do discípulo presbítero, enamorado de seu Senhor e constantemente atrás de suas pegadas (cf. Discurso à Plenária da Congregação para o Clero, 3 de outubro de 2014).
Além disso, irmãos, vocês sabem que não servem sacerdotes clericais, cujo comportamento corre o risco de afastar as pessoas do Senhor, nem sacerdotes funcionários que, enquanto desenrolam uma função, busca longe Dele a própria consolação.
Somente quem tem fixo o olhar naquilo que é verdadeiramente essencial pode renovar o próprio sim ao dom recebido e, nas diversas estações da vida, não deixar de fazer dom de si mesmo; somente quem se deixa conformar ao Bom Pastor encontra unidade, paz e força na obediência do serviço; somente quem respira no horizonte da fraternidade presbiteral sai da falsificação de uma consciência que se pretende epicentro de tudo, única medida do próprio sentir e das próprias ações.
Desejo-lhes jornadas de escuta e de confrontação, que levem a delinear novos itinerários de formação permanente, capazes de conjugar a dimensão espiritual com aquela cultural, a dimensão comunitária com aquela pastoral: são estes os pilares de vidas formadas segundo o Evangelho, custodiadas na disciplina cotidiana, na oração, na custódia dos sentidos, no cuidado de si, no testemunho humilde e profético; vidas que constituem que restituem à Igreja a confiança que ela primeiro tem colocado neles.
Acompanho-vos com minha oração e minha Bênção, que estendo, por intercessão da Virgem Maria, a todos os sacerdotes da Igreja na Itália e a quantos trabalham a serviço de sua formação; e lhes agradeço por suas orações por mim e por meu ministério.
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O Papa adverte sobre os “sacerdotes clericais e funcionários que “afastam o povo do Senhor” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU