Por: André | 12 Novembro 2014
“O ministério presbiteral não pode, em nenhum caso, ser individual, e muito menos individualista”. Disse-o o Papa Francisco na mensagem que enviou aos seminaristas franceses que estão realizando uma peregrinação a Lourdes.
A mensagem está publicada por Conferência Nacional dos Bispos da França, 08-11-2014. A tradução é de André Langer.
Eis a mensagem.
Queridos seminaristas,
Saúdo cordialmente a cada um de vocês, assim como aos seus formadores e Bispos que vocês encontraram por ocasião do encerramento dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal. Eu estou muito contente de saber que vocês estão reunidos em torno de Maria, a mãe do Senhor, nesse Santuário de Lourdes, tão querido em todo o mundo.
Ao pensar no encontro de vocês nesse elevado local mariano, vem-me imediatamente à mente e ao coração o que a Palavra de Deus diz dos discípulos depois que o Senhor ressuscitado pediu para esperar o Espírito Santo: “Eles subiram para a sala de cima, onde costumavam hospedar-se (...). Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (At 1, 13-14).
Contemplando este acontecimento, eu quero que vocês retenham três palavras-chave para a sua vida de seminaristas: fraternidade, oração e missão.
O livro de Atos dos Apóstolos nos diz que os discípulos tinham um só coração. O encontro de vocês é uma demonstração dessa unidade. O tempo do seminário é esta experiência fundamental que os Apóstolos fizeram ao longo de meses, quando Jesus os instituiu "para ficassem com ele e para enviá-los para anunciar a Boa Nova" (Mc 3, 14). A fraternidade dos discípulos, que expressa a unidade dos corações, é parte integrante do chamado que vocês receberam. O ministério presbiteral não pode, em nenhum caso, ser individual, muito menos individualista.
No seminário, vocês vivem juntos para se conhecerem, apreciarem, apoiarem, às vezes também para se suportarem, a fim de viverem juntos a missão e dar esse testemunho de amor, através do qual se reconhece os discípulos de Jesus. É importante fazer essa escolha pessoal e definitiva de um verdadeiro dom definitivo de si mesmos a Deus e aos outros. Convido vocês a aceitar esse aprendizado da fraternidade, com todo o seu ardor; vocês vão crescer no amor e construir a unidade através de iniciativas que o Espírito Santo lhes inspira. Vocês serão capazes de inventar os meios mais adequados para viver verdadeiramente a fraternidade sacerdotal quando forem ordenados. Fraternidade, essa é a primeira palavra.
Oração. Juntos, os discípulos estão em oração com Maria, à espera do Espírito Santo. Vocês já foram chamados por Jesus que quer fazer vocês partícipes do seu sacerdócio para a vida do mundo. Na base da formação de vocês está a Palavra de Deus, que lhes penetra, nutre e ilumina. Rezando com ela, tudo o que vocês aprenderem ganha vida na oração.
Exorto-os a reservarem cada dia longos momentos de oração, recordando-se como o próprio Jesus se retirava no silêncio e na solidão para aprofundar o mistério de seu Pai. Vocês, assim, na oração renovam a presença amorosa do Senhor e se deixam transformar por Ele, sem ter medo do deserto que isso comporta, da noite que o constitui habitualmente. Moisés também entrou na escuridão da nuvem para falar com Deus na humildade, como um amigo fala com seu amigo.
Deixem que a oração de vocês seja um chamado para o Espírito, pois foi ele quem constituiu a Igreja, que conduziu os discípulos e infunde a caridade pastoral. É na força do Espírito que vocês irão dar a alegria àqueles a quem forem enviados, na consciência que eles esperam que vocês sejam testemunhas de Jesus, "homens de Deus", para que os conduzam ao Pai.
Chego, assim, à minha terceira palavra: missão. Pelo batismo vocês foram feitos para o anúncio do Evangelho. Com a ordenação presbiteral, vocês recebem o encargo da proclamação da Palavra, sob a responsabilidade dos seus bispos. Ao se prepararem para essa missão, vocês devem se lembrar que este é o último mandamento do Senhor: "Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês" (Mt 28, 19-20). Tudo que vocês fizerem durante a formação tem apenas um objetivo: tornarem-se humildes discípulos-missionários para fazer discípulos.
Encorajo vocês para aprenderem a conhecer o mundo ao qual serão enviados, e a inscrever em vocês o reflexo da saída de si mesmos, do encontro com o outro. A preferência pelas pessoas mais afastadas é uma resposta ao convite do Ressuscitado que precede vocês e que espera vocês na Galiléia das nações. Indo às periferias, chega-se também ao centro.
A missão é inseparável da oração, porque a oração abre ao Espírito e o Espírito guiará vocês na missão. E a missão, cuja alma é a caridade, consiste em levar aqueles que encontrarem a perceber a ternura com que o Senhor os envolve, a ser batizados, a louvar a Deus, a viver a Eucaristia, para participar, por sua vez, da missão da Igreja.
Maria acompanhou Jesus em sua missão. Ela estava presente no Pentecostes, quando os discípulos receberam o Espírito Santo. Como mãe ela acompanhou os primeiros passos da igreja. Durante estes dias em Lourdes, confiem-se a ela, coloquem-se nas mãos entre a sua chamada, pedindo-lhe para fazer de vocês pastores segundo o coração de Deus. Que ela fortaleça vocês sobre estes três pontos principais: fraternidade, oração e missão.
Eu lhes dou de todo o meu coração a bênção apostólica e peço que rezem por mim. Obrigado.
Do Vaticano, 24 de outubro de 2014.
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Mensagem do Papa Francisco aos seminaristas da França - Instituto Humanitas Unisinos - IHU