23 Outubro 2014
As divisões existem também na Igreja, que experimenta ciúmes, invejas e incompreensões, mas os cristãos devem permanecer unidos, como corpo de Cristo, conscientes que “a guerra não começa no campo de batalha, mas no coração”. Assim se expressou o Papa Francisco na audiência geral na Praça São Pedro, atualizando no dia de hoje a lição de São Paulo à comunidade lacerada de Corinto. Jorge Mario Bergoglio fez apelo pelos dependentes da Meridiana, em risco de perder o trabalho e, antes da audiência na Praça São Pedro, recebeu o Bayern Mônaco, que voltava da vitória no Olímpico contra o Roma.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 22-10-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
“Na época de Paulo, a comunidade de Corinto encontrava muitas dificuldades em tal sentido, vivendo, como frequentemente também nós, a experiência das divisões, das invejas, das incompreensões e da marginalização. Todas estas coisas não vão bem porque, em vez de edificar e fazer crescer a Igreja como corpo de Cristo, a despedaçam em tantas partes, a desmembram”, disse o Papa Francisco na catequese dedicada à Igreja como “corpo de Cristo”. “E isto – acrescentou gesticulando – também sucede nos dias, não? Pensemos naquilo que sucede nas comunidades cristãs, em algumas paróquias, nos nossos quarteirões: quantas divisões, quantas invejas, como se difama... quanta incompreensão e marginalização: e isto é o início da guerra. A guerra não começa no campo de batalha, as guerras começam no coração com divisões, incompreensões, invejas, luta com os outros”. Os coríntios “eram campeões disto”, e o apóstolo das gentes lhes deu “alguns conselhos concretos que valem também para nós”.
Acima de tudo “apreciar nas nossas comunidades os dons e as qualidades dos nossos irmãos”. Não dizer, por ciúme, “aquele comprou um carro, venceu a loto, faz o bem, e eu sinto ciúme”, porque “os ciúmes crescem e enchem o coração, e um coração ciumento é um coração ácido, em vez de sangue tem vinagre”. Os cristãos, ao invés, devem agradecer ao Senhor porque “deu este dom àquela pessoa”. Os cristãos devem, além disso, “tornar-se vizinhos e participar do sofrimento dos últimos e dos mais necessitados; expressar a própria gratidão a todos. O coração que sabe dizer ‘obrigado’ é um coração bom, é um coração nobre, está contente porque sabe dizer ‘obrigado’. ‘Pergunto – dirigiu-se o Papa aos fiéis que lotavam a Praça São Pedro – Todos nós sabemos dizer sempre ‘obrigado’? Nem sempre, porque a inveja, o ciúme nos freia um pouco’...”
Enfim, é preciso “não reputar ninguém superior aos outros, e sempre mais, na caridade, considerar-se membros uns dos outros, que vivem e se dão em benefício de todos. Quanta gente se sente superior aos outros – prosseguiu o Papa gesticulando – também nós tantas vezes dizemos, como aquele fariseu da parábola, - “eu te agradeço, Senhor, porque não sou como aquele, sou superior a ele”. Mas isto é feio, é preciso não fazê-lo jamais, quando sucede recordar-se dos teus pecados, aqueles que ninguém conhece, e dizer ao Senhor: fecho a boca”. Para ilustrar o conceito de “corpo de Cristo”, o Papa mencionou o livro 37 do profeta Ezequiel, na Bíblia, e recomendou duas vezes aos fiéis que o leiam quando retornados à sua casa.
No momento das saudações, o Papa recordou a figura de São João Paulo II, de quem hoje se celebra a memória litúrgica, sublinhando, direcionado aos peregrinos poloneses, que “em sua primeira visita à vossa Pátria invocou o Espírito Santo para que descesse a renovar a terra da Polônia; a todo o mundo recordou o mistério da Divina Misericórdia. Sua herança espiritual não seja esquecida, mas nos impulsione à reflexão e ao concreto agir pelo bem da Igreja, da família e da sociedade. Seja louvado Jesus Cristo!”.
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"As divisões, também na Igreja, nascem do coração", diz o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU