Oriente Médio. “Não há razões religiosas, políticas ou econômicas que justifiquem o que está acontecendo com inocentes”, denuncia Francisco

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: Jonas | 03 Outubro 2014

“Nosso encontro está marcado pelo sofrimento que compartilhamos, pelas guerras que atravessam diversas regiões do Oriente Médio e em particular pela violência que os cristãos e membros de outras minorias religiosas sofrem, especialmente no Iraque e na Síria”. Com estas palavras, o Papa Francisco recebeu, nesta manhã, Sua Santidade Mar Dinkha IV, Catholicos Patriarca da Igreja Assíria do Oriente.

 
Fonte: http://goo.gl/EhlzPi  

A reportagem é publicada por Religión Digital, 02-10-2014. A tradução é do Cepat.

“Quando pensamos em seu sofrimento – acrescentou – é natural ir além das distinções de rito ou de confissão: neles é o corpo de Cristo que, inclusive hoje em dia, é ferido, golpeado, humilhado. Não há razões religiosas, políticas ou econômicas que justifiquem o que está acontecendo com centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes. Sentimo-nos profundamente unidos na oração de intercessão e na ação da caridade com os membros do corpo de Cristo que tanto sofrem”.

“Sua visita – disse, em seguida, o Bispo de Roma – é um passo a mais no caminho de uma aproximação cada vez maior e de comunhão espiritual entre nós. A Declaração cristológica comum que firmou com o meu predecessor, o Papa São João Paulo II, representou um marco em nosso caminho para a plena comunhão. Nela reconhecemos que confessamos a única fé dos apóstolos, a fé na divindade e a humanidade de nosso Senhor Jesus Cristo, unidas em uma só pessoa, sem confusão, nem mudança, sem divisão, nem separação”.

Por último, o Papa se referiu aos trabalhos da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja católica e a Igreja assíria do Oriente, que acompanha em oração, “com a finalidade de que por meio dela se aproxime o dia abençoado em que celebremos no mesmo altar o sacrifício de louvor, que nos fará um em Cristo... O que nos une – reiterou – já é muito mais do que aquilo que nos divide; por isso, sentimo-nos impulsionados pelo Espírito Santo a intercambiar, desde agora, os tesouros espirituais de nossas tradições eclesiásticas, para vivermos como verdadeiros irmãos, compartilhando os dons que o Senhor não deixa de oferecer para nossas igrejas, como sinal de sua bondade e misericórdia”.

Por vontade do Santo Padre, os representantes pontifícios no Oriente Médio estão reunidos no Vaticano, de 2 a 4 de outubro, para discutir a presença dos cristãos nessa região, em razão da grave situação dos últimos meses. O encontro começou nesta manhã, na Secretaria de Estado, e conta com a participação dos Superiores da Secretaria de Estado e da Cúria Romana diretamente relacionados com o tema, bem como com a dos Observadores Permanentes da Santa Sé nas Nações Unidas, em Nova York e Genebra, e do Núncio Apostólico na União Europeia.

A reunião é uma mostra da proximidade e da solicitude com a qual o Santo Padre enfrenta esta importante questão. Ele mesmo quis introduzir os trabalhos, agradecendo aos participantes que se encontraram para rezar e refletir juntos sobre o que se deve fazer para enfrentar a dramática situação dos cristãos que vivem no Oriente Médio e outras minorias religiosas e étnicas que estão sofrendo por causa da violência que assola toda a região.

Com palavras muito sentidas, nesta manhã, o Papa Francisco expressou sua preocupação com a situação de guerra vivida em muitos lugares e com o fenômeno do terrorismo, no qual a vida da pessoa não tem nenhum valor. O Pontífice mencionou o problema do tráfico de armas, que está na raiz de muitos problemas, como também a tragédia humanitária vivida por muitíssimas pessoas que são obrigadas a abandonar seus países.

Reiterando a importância da oração, o Santo Padre manifestou sua esperança de que se possa surgir iniciativas e ações em diversos níveis, com a finalidade de expressar a solidariedade de toda a Igreja com os cristãos do Oriente Médio e envolver a comunidade internacional e todos os homens e mulheres de boa vontade, para responder as necessidades das numerosas pessoas que sofrem nessa região.

O cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, esclareceu a importância e o propósito da reunião. Por sua parte, o cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, proporcionou um extenso relatório sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio, abordando diferentes aspectos da questão e abrindo o diálogo com os participantes. Na continuidade, tomaram a palavra os representantes pontifícios na Síria e Iraque, informando sobre a situação dos cristãos em seus respectivos países. Em seguida, o cardeal Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho “Cor Unum”, falou sobre o papel da Igreja na crise humanitária no Oriente Médio.

No período da tarde, tomará a palavra o cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, abordando as perspectivas do diálogo religioso com o Islã e os desafios que enfrentam os cristãos no Oriente Médio. Será acompanhado pelo cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que apresentará um relatório sobre sua recente visita ao Iraque como Enviado Especial do Santo Padre.