07 Agosto 2014
Nesta quinta-feira, 7 de agosto, por volta das 19h, na Igreja do Gesú, em Roma, se celebrará uma missa de Ação de Graças, presidida pelo novo provincial dos jesuítas italianos, Gianfranco Matarazzo, por ocasião do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus (1814 -2014).
A reportagem é de Alessandro Notarnicola, publicada no sítio Il Sismografo, 06-08-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
De fato, o percurso das comemorações foi inaugurado no dia 3 de janeiro passado e se concluirá no dia 27 de setembro – data em que se recorda a primeira aprovação da Companhia por parte de Paulo III, em 1540 – com uma missa presidida pelo Papa Francisco, que concelebrará junto com Adolfo Nicolás, prepósito geral dos jesuítas.
A data de 7 de agosto é a "nova" gênese da Ordem, pois é o dia em que o Papa Pio VII tornou pública a bula pontifícia Sollicitudo omnium ecclesiarum, com a qual restaurou a Companhia em todo o mundo – suprimida 41 anos antes por Clemente XIV, com o breve Dominus ac Redemptor, de 21 de julho de 1773 –, restituindo àqueles homens "remadores especialistas e valorosos" o ensino de Inácio de Loyola.
A questão da supressão dos jesuítas por Clemente XIV, nascido Giovanni Vincenzo Antonio, esteve no centro de história da Igreja das últimas décadas do século XVIII até hoje. O episódio epocal caracterizou definitivamente o magistério de Clemente XIV, a ponto de colocar em segundo plano as suas meritórias tentativas de reduzir a carga fiscal dos súditos e de reformar a administração pública do Estado Pontifício.
Depois da promulgação do breve de 21 de julho, fortemente apoiado pelas grandes potências europeias, os jesuítas aceitaram a decisão do papa sem se opor a ela, e, por ordem das cortes bourbônicas, o geral dos jesuítas, Lorenzo Ricci, foi preso em Castel Sant'Angelo até a sua morte, em 1775.
É interessante notar que nenhum papa escolheu mais o nome pontifical de Clemente. Na sua primeira audiência geral de 16 de março de 2013, concedida a 6.000 jornalistas reunidos na Sala Paulo VI, o Papa Francisco, jesuíta, ironizando, revelou que, depois da conclusão das votações do conclave, um dos cardeais chegou a lhe aconselhar a escolher o nome Clemente XV "para se vingar de Clemente XIV, que tinha dissolvido a Companhia de Jesus".
Em 1814, a Companhia de Jesus, graças à sua reconstituição decidida por Pio VII, pôde novamente se espalhar por toda a parte. Na verdade, o papa, já em 1801, ou seja, um ano depois da sua ascensão ao sólio pontifício, havia concedido o imprimatur à existência da Companhia, dentro das fronteiras da Rússia, estendendo, assim, a concessão ao Reino das Duas Sicílias em 1804, afirmando que "acreditar-nos-emos culpados de gravíssimo delito aos olhos de Deus se, diante das grandes necessidades universais, não quiséssemos nos servir dessas salutares ajudas que Deus, por sua singular Providência, nos apresenta, e se nós, colocados na barca de Pedro, agitada e abalada por frequentes nuvens, rejeitássemos especialistas e válidos remadores que se apresentam espontaneamente a nós para romper as ondas daqueles vagalhões que, a todo instante, nos ameaçam de naufrágio e ruína".
O padre geral, Adolfo Nicolás, em uma carta sua aos jesuítas, que remonta a 1º de janeiro de 2012, escrevia: "Cada data importante do calendário é ocasião de reflexão e aprendizagem. Podemos ser gratos pelo que recebemos, recordar o que descobrimos, melhorar o nosso modo de ser servidores da missão do Senhor e arrepender-nos, se necessário, das nossas falhas. Aprender com o passado é um modo de reconhecer o nosso lugar na história da salvação como companheiros de Jesus, aquele Jesus que resgata toda a história da humanidade".
Continuando mediante um breve excursus sobre as razões da supressão e sobre as diversas vicissitudes que os coirmãos tiveram que enfrentar no mundo e na Rússia Branca, ele acrescentou: "É nesse espírito que olhamos para o passado através da série de artigos das páginas que se seguem, logo depois de ter devidamente prestado homenagem ao Papa Francisco, o primeiro coirmão nosso a ser chamado a governar como papa a Igreja universal".
Como se sabe, o Papa Jorge Mario Bergoglio é o primeiro sucessor de Pedro pertencente à Companhia de Jesus. O atual superior dos jesuítas, 29º sucessor de Santo Inácio de Loyola, é o padre espanhol Adolfo Nicolás, eleito no dia 19 janeiro de 2008.
Nos últimos meses de 2016, o padre Nicolás apresentará sua renúncia na 36ª Congregação dos jesuítas que, representando os jesuítas operantes em 112 nações do mundo, será chamada a eleger o novo padre geral.
O prepósito anterior foi o padre Peter-Hans Kolvenbach, holandês, eleito em 1983, depois de um longo e conturbado período que a Companhia teve que enfrentar. Em 2006, ele manifestou a Bento XVI o seu desejo de renunciar. De fato, no dia 14 de janeiro de 2008 – recebida a aprovação do papa – durante a 35ª Congregação Geral, ele renunciou.
Desde então, o padre Kolvenbach conserva o título de prepósito emérito.
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''Aprender com o passado é uma forma de reconhecer o nosso lugar na história da salvação'', afirma o padre Adolfo Nicolás - Instituto Humanitas Unisinos - IHU