“Querido povo da Nicarágua, meu sacerdócio é de vocês”, afirma Miguel d’Escoto

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Por: Jonas | 05 Agosto 2014

“Querido povo da Nicarágua, meu sacerdócio é de vocês”, estas foram as palavras expressas, na manhã desta segunda-feira, pelo Padre Miguel d’Escoto Brockmann (foto), após a retirada de sua suspensão “a divinis”, pelo Papa Francisco.

 

Fonte: http://goo.gl/E8fUd4

 

A reportagem é de Kenneth Chávez, publicada por El Pueblo Presidente, 04-08-2014. A tradução é do Cepat.

O Padre D’Escoto, que pertence à Congregação missionária Maryknoll, foi suspenso por João Paulo II em 1985, após sua entrada no Governo Sandinista; punição que foi retirada pelo Papa Francisco.

“Queridos companheiros e companheiras, meu sacerdócio sempre foi de vocês e para vocês”, manifestou-se o Padre Miguel d’Escoto diante dos meios de comunicação local, além de confirmar estar feliz por esta grande notícia.

O religioso relembrou que foi ordenado como sacerdote em 10 de junho de 1961; no entanto, ao entrar no Governo Sandinista, foi suspenso do Ministério de Deus pelo Vaticano, sem poder presidir a Santa Missa, desde então.

“No dia 5 de janeiro de 1985, quando estávamos em plena defesa dos direitos da Nicarágua na Corte Mundial, eu recebi uma instrução para me retirar de imediato da Chancelaria”, recordou o padre.

Vivendo sempre à disposição da Revolução Sandinista

Apontou que naquele momento (1985, quando recebeu esta instrução de Roma), caso não se retirasse em 15 dias do Governo Sandinista, ‘Ipso facto’, ficaria suspenso ‘a divinis’.

“Para lhes ser franco, eu chorei com essa notícia. Porém, quero lhes dizer que chorei, não tanto por mim, mas, sim, pela pequenez que ia ver minha igreja”, relatou o ex-chanceler da Nicarágua e ex-Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O Padre Miguel d’Escoto disse que, naquele momento, por mais que quisesse, não poderia obedecer a instrução de Roma para deixar a revolução, posto que seria “como trair meu povo, trair suas legítimas aspirações e direitos”, apontou.

Além disso, sustentou o padre, “seria trair a Revolução Popular Sandinista, a nossos heróis e mártires, a Daniel, a todos os companheiros e companheiras que estávamos na luta”.

Sustentou que foi Deus quem lhe deu a graça de poder suportar sua suspensão sem nenhum rancor, nem remorso, e sempre “com muito amor à Igreja”, mesmo não celebrando a Santa Missa, mas, sim, vivendo uma Espiritualidade Eucarística, “quer dizer, vivendo sempre à disposição da revolução e em defesa do povo”, destacou.

D’Escoto, que iniciou sua colaboração com a Frente Sandinista de Libertação Nacional por meio do Comitê de Solidariedade nos Estados Unidos, em 1975, manifestou estar muito contente em poder voltar a celebrar a missa.

Espera celebrar sua primeira missa com o Cardeal Miguel

Anunciou que, há alguns meses, manifestou seu desejo a Sua Eminência Reverendíssima, Cardeal Miguel Obando y Bravo, “em poder celebrar, pela primeira vez, a missa com ele, antes da possibilidade da suspensão ‘a divinis’”.

“Eu lhe disse, Cardeal, se algum dia isto acontecer, antes que eu morra, quero celebrar minha primeira eucaristia com você, e que me ajude, porque já estou esquecendo tudo, porque naquele tempo eu a celebrava (a missa) em latim”, disse sorrindo.

Ao ser incorporado novamente no sacerdócio, o Padre Miguel d’Escoto detalhou que tem como projeto formar um Centro de Espiritualidade: Cultura, História e Arte Nicaraguense, partindo de sua visão “que o mundo necessita de mais espiritualidade, generosidade, fraternidade e unidade”.