Por: Cesar Sanson | 11 Julho 2014
Preso há dezessete dias, o ativista teve seus cabelos longos raspados e foi obrigado a largar sua dieta vegetariana; manifestação na praça Roosevelt pedirá sua liberdade
A reportagem é publicada pelo portal SpressoSP, 10-07-2014.
Além de ter sido preso simplesmente pelo fato de se manifestar, o ativista Fábio Hideki Harano, encarcerado há dezessete dias no presídio de Tremembé, não pode mais sequer determinar o que come.
Depois de um período de adaptação, Harano, que é estudante e funcionário da Universidade de São Paulo (USP), divide agora uma cela comum com outros dois presos e teve que largar sua dieta vegetariana por falta de opções no cardápio da penitenciária. Ele também foi obrigado a raspar os longos cabelos que cultivava já há alguns anos.
De acodo com Alexandre Harano, irmão do estudante que já o visitou duas vezes na prisão, o estudante tem aproveitado o tempo para ler e se exercitar na academia da penitenciária.
Militante político pacifista e adepto a hobbies como jogos de RPG e desenhos japoneses, Fábio Hideki foi detido por policiais civis à paisana no último dia 23 de junho em um protesto contra a Copa do Mundo , na avenida Paulista. Ele foi acusado pelos policiais de portar um artefato explosivo, suspeita que já foi desconstruída com imagens de um vídeo gravado no momento da revista pessoal do manifestante.
Até agora o artefato não foi apresentado publicamente.
De acordo com Bruno Shimizu, defensor público que acompanha o caso, “o inquérito é absolutamente genérico e, na verdade, só o próprio condutor, o policial civil disfarçado, relata a circunstância da prisão dos dois, dizendo que foi no contexto de uma manifestação que eles foram abordados e presos, sem dizer o que cada um estava praticando, nem o que eles entendem que sejam os crimes praticados por cada um”.
Manifestação
Uma manifestação pela liberdade de Fábio Hideki Harano e Rafael Marques, que também foi detido no mesmo dia que Harano e pelas mesmas acusações, está marcado para acontecer nesta quinta-feira (10) na Praça Roosevelt, centro da capital, a partir das 17h.
O ato “Grande formação de quadrilha pelos presos políticos” pretende aproveitar o clima de festa junina para usar de forma irônica a palavra “quadrilha”, que foi o mote de uma das acusações (formação de quadrilha) que prendeu os dois ativistas.
Na descrição do evento em sua página do Facebook, os organizadores do protesto listam as “atrações”, entre elas a “boca do palhaço Fernando Grella”, “A Cadeia (para quem precisa”, “barraca do beijo no ombro”, “correio deselegante, “fogueira dos burocratas”, entre outras.
No último ato-debate na Praça Roosevelt para discutir a prisão dos ativistas e a atuação da polícia, a PM cercou o local, atirou bombas e balas de borracha, agrediu manifestantes e deteve seis pessoas, entre elas dois Advogados Ativistas.
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Fábio Hideki: sem liberdade, sem cabelo e sem direito de escolha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU