19 Março 2014
Desde 2013, o IHU vem promovendo o XIV Simpósio Internacional IHU: Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. A modelagem da vida, do conhecimento e dos processos produtivos na tecnociência contemporânea. Este esforço está dividido em quatro seminários semestrais e em um grande Simpósio Internacional que ocorrerá entre os dias 21 e 24 de outubro de 2014, confira a programação do evento aqui.
Neste artigo, apresentamos as colaborações escritas por alguns palestrantes que já participaram dos Seminários. A temática auxiliou de forma criteriosa a transdisciplinariedade do evento, trazendo ao debate diferentes campos do conhecimento para discutir as inflexões da tecnologia sobre nosso estar no mundo.
Esta semana, saiu a nova edição do Cadernos IHU ideias com a contribuição de Miguel Ângelo Flach, filósofo gaúcho, com seu artigo sobre as origens históricas do racionalismo, segundo Feyerabend. O artigo examina as origens históricas do “racionalismo” rastreando-a desde a Antiguidade no contexto da cultura grega arcaica. Para Feyerabend, um nascente pensamento racional abstrato, perpassa o surgimento da filosofia coincidindo com a ascensão de um racionalismo por erigir a “Razão” (o “R” maiúsculo ilustra criticamente o poder a ela atribuído) como fonte de tradição que, ao relegar a abundância da história, simplificou a última pretensiosamente se afirmando como história única acima de todas as formas de vida.
Outra contribuição relevante que recebemos, foi do filósofo catalão Jordi Maiso, em sua discussão sobre a biologia sintética e os desafios que ele postula para a ética e a bioética contemporâneas. O texto aspira a uma reflexão crítica sobre o papel das ciências humanas ante esta disciplina emergente, sondando os desafios éticos, filosóficos e políticas que a biologia sintética suscita. Para isso, analisam-se os pressupostos políticos do projeto da “bioengenharia”, tanto no que se refere à sua compreensão tácita da vida, como ao modo em que concebe a relação entre tecnociência, sociedade e vida, que constitui todo um programa. O objetivo é oferecer uma panorâmica das problemáticas que emergem com a nova disciplina para tentar ver seu possível impacto a médio e longo prazo.
A 194ª edição do Cadernos IHU ideias, traz a colaboração da doutora em Direito e professora da UERJ, Heloisa Helena Barboza. O artigo intitulado A Pessoa na Era da Biopolítica: autonomia, corpo e subjetividade propõe abordar os efeitos de algumas interferências no corpo humano, que suscitam questões jurídicas à luz do direito brasileiro. Mais precisamente, procura-se trazer ao debate o corpo como locus de construção da identidade do ser humano, a qual se dá à luz da autonomia e da subjetividade, em sua possível harmonização com o Direito. Considera-se o corpo do início do século XXI, que traduz de modo bastante claro a era da biopolítica, cenário inafastável que fornece os elementos e onde se desenvolve o mencionado processo de construção. Indispensáveis, por conseguinte, breves incursões nos conceitos envolvidos, especialmente no de biopolítica, como formulado por Michel Foucault.
Laboratórios e Extrações: quando um problema técnico se torna uma questão sociotécnica de autoria de Rodrigo Ciconet Dornelles, antropólogo, realiza um debate sobre o quão técnica é de fato a prática científica laboratorial ao analizar as práticas sociais (ou sociotécnicas) que se desenvolvem neste espaço, colocando em cena a questão relativamente recentemente no debate teórico-conceitual nas ciências sociais, que é a da agência dos humanos, assim como a dos não-humanos. A proposta é de se analisar a ciência enquanto uma rede que articula uma infinidade de atores, e as práticas sociais que envolvem o dia-a-dia de um laboratório, descrito pelo autor em seu estudo etnográfico.
Rodrigo Dornelles traz para a discussão as teorias latourianas, assim como o faz Letícia de Luna Freire no texto A Ciência em Ação de Bruno Latour. A autora busca discutir neste texto as concepções de ciência em ação conforme concebidas na obra do sociólogo e filósofo francês Bruno Latour. Para tal, estabelece os termos e críticas afirmados por Latour sobre os estudos tradicionais desenvolvidos sobre a ciência que mantém intacta a separação entre estudos de conteúdo científico e de contexto social. Para dar cabo deste problema epistemológico, Latour propõe o que se convencionou chamar mais tarde de Teoria Ator-Rede. Neste contexto, surge então uma ferramenta metodológica importante não apenas para os estudos de sociologia da ciência, como também para os campos da economia, política, antropologia, história e demais ciências sociais.
Para mais informações, consulte a página do evento, a página das publicações do Instituto Humanitas Unisinos - IHU ou o sítio da Revista IHU On-line.
Durante este semestre, está ocorrendo o III Seminário XIV Simpósio Internacional IHU: Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. A modelagem da vida, do conhecimento e dos processos produtivos na tecnociência contemporânea, confira a programação clicando aqui.
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As revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. Um guia de leitura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU