14 Fevereiro 2014
Em meados de março, a Conferência Episcopal Alemã se reúne. Desta vez, os bispos católicos se reúnem em Münster e têm coisas importantes a decidir: quem será o seu novo presidente? Uma pergunta que – ouve-se em Roma – absolutamente não deve ser influenciada pelos acontecimentos da diocese de Limburg. Isso significa que o "caso Tebartz" devem ser resolvido antes ou – ainda melhor – depois da escolha? Ninguém sabe responder.
A reportagem é de Britta Baas, publicada no sítio Publik-forum.de, 10-02-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O "caso Tebartz" é a história de um bispo alemão que reconstruiu a sede episcopal por um valor de mais de 31 milhões de euros. Para isso, diz ele, usou o dinheiro da "Bischöflicher Stuhl", um "tesourinho" que não entra na administração do patrimônio diocesano. No fim, Tebartz-van Elst tropeçou na construção, nos custos que explodiram e na falta de transparência na política de informação.
Ainda antes, há muito tempo, estava profundamente perturbada a comunicação entre o bispo e o pessoal da administração, entre o bispo e muitos padres, entre o bispo e os fiéis católicos. Franz-Peter Tebartz-van Elst – homem do Baixo Reno, com a forte marca da monocultura católico-agrícola de Kevelar, se retirou por ordem do papa a um convento da Baixa Baviera, à espera dos resultados de uma investigação sobre o caso por parte da Igreja.
No entanto, quanto mais tempo dura a suspensão do bispo, mais imperiosas se tornam algumas perguntas que, em um primeiro momento, na agitação sobre o chamado "bispo pomposo", tinham ficado em segundo plano. Uma delas é como a Igreja pode reagir quando se encontra diante de um caso como o de Tebartz. A situação jurídica, claramente, não é nada clara: com base no Direito Canônico, um bispo "que, por causa de problemas de saúde ou por outro grave problema, considera não ser mais capaz de desempenhar as suas funções" deve apresentar sua renúncia. A isso ele é "expressamente convidado" pelo Código de Direito Canônico. Mas o que fazer se o bispo acredita que pode continuar desempenhando as suas funções? Esse é o caso que se apresenta com Tebartz.
Ele está trabalhando pela sua reintegração em Limburg. A comissão de investigação que, nestes dias, deverá apresentar o seu relatório conclusivo deve certificar um comportamento gravemente irregular em sentido jurídico para induzi-lo a vacilar. Seria esse o caso se ele efetivamente tivesse se apropriado indevidamente do dinheiro da instituição, como a revista Der Spiegel deu a entender recentemente.
De um modo ou de outro, o papa deve decidir como deve ser resolvido o "caso Tebartz". Seguramente, ele vai se deixar aconselhar, porque o tipo de solução proposta para o problema de Limburg também tem a ver com a posição de Francisco na estrutura de poder do Vaticano. Podem-se reconhecer claramente duas linhas de choque: de um lado, há a comissão de cardeais instituída por ele mesmo (um pouco superficialmente chamada de G8). A maioria dos senhores que dela fazem parte – incluindo o cardeal Marx e o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, de Honduras – fazem de tudo para impedir o retorno de Tebartz.
De outro lado, está uma falange formada por um arcebispo da Cúria e por dois cardeais – Georg Gänswein, Gerhard Ludwig Müller e Joachim Meisner, que defendem Tebartz agressivamente ou, melhor, já o veem absolvido e reabilitado.
O que esse quadro de guerra não mostra é a controvérsia ideológica sobre a constituição da Igreja que está por trás dessa luta pelo poder. Enquanto o G8 aponta para as reformas, o grupo "Gänswein-Müller-Meisner" é ladeado por pensadores reacionários como o ex-cardeal da cúria Walter Brandmüller. Este acusou recentemente a diocese de Limburg ou, melhor, o seu "modelo democrático" como sendo a causa da crise. Ele se referia à constituição sinodal da diocese, introduzida em 1969 e mantida até a era Tebartz. Brandmüller quer vê-la revogada: só então, segundo ele, a diocese poderá ser novamente dirigida de maneira hierárquica e realmente católica.
Francisco não é a favor desse tipo de catolicidade. Mas, para neutralizar o grupo Gänswein-Müller-Meisner, ele precisa de fatos concretos, que possam ser usados. Só então cessará o barulho em favor de Tebartz. Caso contrário, a luta de poder poderia se tornar um acerto de contas. Para o papa.
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A luta de poder na Igreja e o grupo ''Gänswein-Müller-Meisner'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU