Por: Cesar Sanson | 30 Outubro 2014
“Eu celebro [a vitória da Dilma], porque o Brasil é um dos países mais importantes da América Latina, e o rumo da região estava alinhado com o Brasil”, afirmou Lucía Topolansky, reeleita senadora do Uruguai nas eleições do último domingo.
A reportagem é de Maíra Vasconcelos e reproduzida pelo portal da revista Fórum, 29-30-2014.
A frase foi dita pela senadora Lucía Topolansky, companheira do presidente uruguaio José Mujica, perseguida e mantida presa por treze anos na época da ditadura militar no Uruguai. No domingo (26), ela esteve presente na sede do partido Frente Amplio (FA) para acompanhar o resultado do primeiro turno das eleições em seu país. “Eu celebro (a vitória da Dilma Rousseff), porque o Brasil é um dos países mais importantes da América Latina, e o rumo da região estava alinhado com o Brasil”, afirmou. Após os resultados das eleições, Lucía foi reeleita senadora.
Além de comemorar o resultado das eleições no Brasil, Toponlansky comentou os episódios panfletários oposicionistas da imprensa no país, e os comparou a posturas da época da ditadura militar, caso da revista Veja, que poucos dias antes das eleições adiantou a saída da revista de domingo para sexta-feira, e arrematou a matéria de capa com uma publicação contra Lula e Dilma sobre as denúncias de desvio de recursos da Petrobrás, que o Tribunal Superior Eleitoral considerou ilegal. Toponlansky deixou claro sua convicção de que o Brasil necessita discutir uma lei de meios.
“Tinha um 6% de vantagem apesar do que a imprensa fez, pouco antes da veda eleitoral, isso é algo tremendo do ponto de vista da ética. Acho que os brasileiros deveriam pensar sobre uma lei de meios. Isso não se faz em democracia, se faz em uma ditadura”, defendeu Lucía. Logo, um jornalista comentou à candidata que no Uruguai não aconteceu o mesmo que no Brasil, em relação a cobertura da imprensa. No entanto, para Topolansky, a imprensa uruguaia mudou sua forma de cobrir as eleições quando destinou pouco espaço e excluiu, por exemplo, suas ações de campanha, focando apenas nos presidenciáveis.
“No Uruguay não aconteceu a mesma coisa, mas a imprensa excluiu muita gente, como a mim, fui excluída da imprensa nos dois últimos meses. Nós fizemos um ato imenso, no domingo passado, e apenas se esclareceu na segunda-feira, uma [matéria] fininha, porque não podiam publicar menos. Apenas seguiram os candidatos presidenciais e eliminaram todo o resto, e me disseram, porque eu perguntei a muitos veículos, falaram que a ordem era seguir nada mais que a fórmula presidencial. Então, isso é uma novidade no Uruguai”, criticou.
Sobre a campanha do Frente Amplio, até este primeiro turno das eleições, Lucía considera que a movimentação e os ânimos melhoraram nas últimas semanas, e voltou a enfatizar sobre a falta de cobertura da imprensa. “A campanha foi diferente, foi uma campanha muito fria a princípio, esquentou no último mês, e ainda uma imprensa que apenas seguiu a fórmula presidencial, e ao resto da movimentação não lhe deu nem dois centímetros de espaço”, destacou Topolansky, que diz não saber o que faltou para que a campanha estivesse mais entusiasmada.
“Nós fomos crescendo, eu pude participar de praticamente todos os atos de enecerramento de campanha, e foram todos bons. Não sei o que faltou, porque militar, militamos até morrer, capaz que morremos um pouco mais”.
Lucía não quis analisar, nem mesmo comentar, qualquer resultado premilinar que aos poucos era divulgado pelos diferentes canais de televisão, no momento em que a imprensa estava reunida na sede do partido Frente Amplio. E a todos os jornalistas que aproximavam-se da candidata, Topolansky explicava que era preciso esperar o resultado final, antes disso seria precipitada qualquer consideração. O segundo turno está marcado para o dia 30 de novembro, entre Tabaré Vázquez (FA), que terminou com 47%, e o representante da direita, Lacalle Pou (Partido Nacional), com 31%.
Um jornalista perguntou se ela estava tranquila frente aos resultados dessa eleição. Lucía ressaltou sua postura de mulher sempre lutadora, portanto, também sempre tranquila. “Sempre tranquila porque sou uma lutadora, e sempre estarei lutando em qualquer circunstância que se dê”.
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“América Latina respirou com a vitória de Dilma", afirma companheira de Mujica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU