Por: André | 24 Janeiro 2014
Na Malásia estão criando os pressupostos para uma perseguição dos cristãos, sobretudo dos católicos. O pretexto que se usa desta vez entre os membros de uma fração de fundamentalistas islâmicos é o uso da palavra Alá para expressar o conceito de Deus por parte dos cristãos. Uma prática que tem séculos de história, como indicam muitíssimos documentos, mas que acaba de ser catalogada como problemática por parte dos radicais islâmicos.
Fonte: http://bit.ly/1jqdoJ1 |
A reportagem é de Marco Tosatti e publicada no sítio Vatican Insider, 23-01-2014. A tradução é de André Langer.
Há dois dias, o administrador apostólico da diocese de Kuala Lumpur, capital do país, escreveu uma carta na qual pede aos católicos do país para que sejam corajosos nos tempos difíceis que se aproximam. A polícia da Malásia propôs, recentemente, que o padre jesuíta Lawrence Andrew, diretor do Catholic Herald, o jornal católico nacional, deveria responder por suposta sedição. O motivo? Porque o sultão de Selangor, um dos 13 Estados da Malásia, decretou que os não muçulmanos não podem usar o termo Alá para referir-se a Deus. O padre Andrew, por sua vez, afirmou que as paróquias de Selangor vão continuar a usá-lo, como o fazem desde 1.600.
“Estou profundamente triste e angustiado com os recentes acontecimentos, que incluem o uso de palavras ofensivas e a queima de uma efígie do padre Lawrence Andrew, o que constitui um ataque à comunidade cristã”, escreveu o arcebispo emérito Murhpy Pakiam em sua carta pastoral. “É deplorável que alguns grupos queiram organizar inclusive mega-demonstrações e shows nas ruas. Estas ações irracionais provocaram uma enorme quantidade de desgostos, ansiedade e inclusive ira entre os cidadãos malaios. Além disso, o aval de tais ações por parte de alguns líderes políticos e o silêncio não justificado por parte de outros representam lenha na fogueira que parece estar saindo do controle”. Conclui o arcebispo: “faço um apelo aos fiéis católicos para que sejam fortes nestas adversidades e sigam professando sua fé com coragem e determinação”.
O padre Andrew, sacerdote malaio, é o principal alvo dos ataques. Contra ele há 109 denúncias por ter publicado um artigo (no dia 27 de dezembro do ano passado) no Catholic Herald no qual defendeu que os fiéis católicos têm todo o direito de continuar usando o termo Alá para definir Deus. Entre outras coisas, no artigo citava antigas orações cristãs nas quais se fala de Deus com o nome de Alá. Na Malásia, cuja população não chega a 30 milhões de habitantes, 60% da população é muçulmana; 19% budista; 6% hindu; e 6% protestante; e 3% católica. O islã é a religião oficial do país. E, em Selangor, as autoridades confiscaram centenas de livros sagrados dos cristãos, porque neles Deus é chamado com o nome Alá. Este termo, seja como for, é um vocábulo árabe integrado ao idioma local. E em árabe é usado indistintamente por cristãos e muçulmanos para indicar Deus.
A batalha legal já dura três anos. No começo de 2009, veio a proibição do uso do termo. A Igreja católica colocou em marcha uma ação legal em protesto contra a violação de seus direitos constitucionais, e um tribunal acolheu seu pedido. No entanto, em outubro do ano passado, o veredicto deu um giro de 180 graus.
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Na Malásia, cem denúncias contra o jesuíta que chama Deus de Alá - Instituto Humanitas Unisinos - IHU